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Perícia em toboágua pode ficar comprometida após morte no Beach Park

Radialista foi enterrado nesta quarta em Sorocaba, no interior de São Paulo

Alfredo Henrique
Sorocaba | Agora

Uma das perícias feitas no toboágua onde se acidentou e morreu o radialista Ricardo José Hilário Silva foi realizada com o local comprometido. Silva morreu na segunda-feira (16), no Beach Park, em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza. 

Uma das análises foi feita no dia do acidente, e outra, na terça-feira (17), segundo a Pefoce (Perícia Forense do Estado do Ceará). Como o local não estava mais preservado, o resultado da perícia pode ficar prejudicado.

O promotor Rodrigo Merli Antunes, do Ministério Público do Estado de São Paulo, afirmou que a perícia “perde o valor” se for feita em um local que já foi adulterado.

“O inquérito está a cargo do delegado. Ele é o ‘presidente’ da investigação e se quiser voltar ao local, ele volta e chama os peritos de novo. Claro que, sem preservação, a coisa perde um pouco o valor”, afirma.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, os laudos podem ser concluídos em um mês, “podendo ser prorrogado [o prazo] por mais 30 dias devido à perícia complementar”, diz trecho de nota.

A secretaria não se manifestou sobre a realização da segunda análise no toboágua.

O corpo de Ricardo Hill, como era conhecido o radialista, foi liberado na noite de terça e encaminhado até Sorocaba (99 km de SP), onde morava. Ele foi enterrado nesta quarta-feira (18).

O silêncio marcou seu velório e o sepultamento da vítima do acidente no Ceará. “O Ricardo era um excelente profissional, um pai e um marido carinhoso, ele se dedicava muito à família. Perdi um amigão”, afirmou o radialista Valter Calis, amigo de Hill por 25 anos.

Entre abraços e lágrimas, cerca de cem pessoas testemunharam a sepultura, onde o corpo do radialista foi colocado, ser fechada por tijolos e cimento. Após o sepultamento, todos se retiraram caminhando lentamente, sem nada ser dito.

No dia do acidente, a mulher e a filha de Ricardo seguiam logo atrás dele no toboágua.

O radialista e mais três pessoas estavam no Vainkará quando a boia que ocupavam virou. Ricardo bateu a cabeça na estrutura do brinquedo, o que provocou sua morte. As outras três pessoas passam bem.

De acordo com o portal G1, o peso do grupo ultrapassava o limite máximo recomendado para o toboágua, de 320 kg.

Segundo o atestado de óbito, a vítima morreu de traumatismo crânio encefálico, por instrumento contundente, associado a lesão traumática na coluna vertebral.

O cunhado do radialista, o comerciário Luís Antonio Silva, 52, foi ao Ceará auxiliar a irmã, Luciane Silva, 40, na liberação do corpo de Ricardo.

“Ela testemunhou o marido sendo socorrido na piscina, cheia de sangue”, disse. Hill e Luciane eram casados havia 15 anos.

A filha do casal, de 8 anos, também viu o pai, inconsciente, sendo encaminhada ao ambulatório do parque aquático.

O Beach Park afirmou que possui alvará de funcionamento e que foram realizados testes no brinquedo onde ocorreu o acidente.

O toboágua foi inaugurado no último sábado e custou R$ 15 milhões. O brinquedo tem 150 metros de descida e paredes de 90 graus, trazendo a proposta de gravidade zero.

A vítima

Quem convivia com Ricardo José Hilário da Silva diz que ele era apaixonado pela família e por viagens. O radialista, inclusive, já estava planejando ir para os Estados Unidos no ano que vem para levar a filha e a mulher aos parques da Disney.

“Trabalhei com o Ricardo por dois anos e dois meses. Ele era bastante ligado à família. Saía de Sorocaba (99 km de SP) todos os dias de madrugada para vir apresentar o programa. Falávamos muito de viagem. Ele gostava muito de viajar e de levar a mulher e a filha. Ele planejou essa viagem para o Ceará por dois meses, porque queria levar a filha para brincar em vários lugares”, recorda a radialista Adriana Rosa, 46, que trabalhava com Ricardo Hill, como ele era conhecido, na rádio Nova Brasil FM, na capital.

Adriana, que dividia os microfones com o colega, diz que vai sentir falta das conversas e do “ser humano”, que era Silva. 

Antes de trabalhar na Nova Brasil FM, ele passou pela rádio Jovem Pan, uma das mais tradicionais da capital.

“Eu sempre descia nos estúdios da FM para poder bater um papo com o Ricardo. Uma pessoa muito do bem, que amava demais a família. A gente falava sobre carros, viagens. É uma notícia muito triste, um cara muito novo e que tinha a vida toda pela frente”, afirma o radialista Leonardo Muller, 34.

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