Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Prefeito é preso por suspeita de elo com facção criminosa no Rio

Dois vereadores também são acusados de atuar em favor do tráfico em Japeri

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Rio de Janeiro

O prefeito de Japeri, Carlos Moraes Costa, foi preso na manhã desta sexta-feira (27) por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, em operação do Ministério Público e da Polícia Civil. O município fica na região metropolitana do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense.

Também foram alvos da ação o presidente da Câmara Municipal da cidade, Wesley George de Oliveira, que está foragido, e o vereador Claudio José da Silva, também preso. Os três políticos, todos do Partido Progressista (PP), tiveram o exercício de suas funções públicas suspensas pelo Tribunal de Justiça do estado.

Além deles, foi presa Jenifer Aparecida Kaizer de Matos —apontada como elo entre os políticos e os traficantes— e foram expedidos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra outros 37 denunciados por integrarem a facção criminosa que controla a venda de drogas em diversas favelas de Japeri, a Amigos dos Amigos (ADA).

Folha não conseguiu encontrar a defesa do prefeito Carlos Moraes Costa e não obteve resposta do Partido Progressista (PP). No total, sete pessoas foram presas nesta sexta até o meio-dia. A Polícia Civil não divulgou novos balanços.

O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, recebe título de cidadão japeriense das mãos do prefeito Carlos Moraes Costa (3º da esq. para a dir.), que foi preso nesta sexta (27)
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, recebe título de cidadão japeriense das mãos do prefeito Carlos Moraes Costa (3º da esq. para a dir.), que foi preso nesta sexta (27) - Reprodução

Segundo a denúncia do Ministério Público, o prefeito e os vereadores faziam parte do núcleo político da organização, que domina o complexo de favelas do Guandu. O órgão diz que eles se aproveitavam do peso e prestígio de seus cargos para atuar em favor dos interesses criminosos, em especial do líder Breno de Souza, o BR, preso no último dia 20 depois de ter forjado a própria morte.

 

Além de repassar informações privilegiadas e articular ações integradas que permitissem ao bando praticar atividades ilícitas, os três políticos também são suspeitos de fraudes em licitações e desvios de dinheiro público para ajudar a facção. A denúncia diz que, em troca, eles se beneficiavam politicamente ao construírem um “curral eleitoral”.

O esquema foi descoberto, ainda segundo o Ministério Público, a partir de telefonemas gravados com autorização da Justiça. Em uma das escutas, Breno de Souza liga para o prefeito e para outras pessoas influentes na cidade para interromper uma operação policial que impediria um baile funk organizado pelos traficantes.

O vereador Claudio José, o Cacau, se prontifica a ajudar a encontrar uma solução, e o prefeito diz que está empenhado em atender a demanda e em passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na comunidade. Ele fala ainda que, junto ao presidente da Câmara Wesley George, o Miga, iria “alinhar” com o comando do 24º batalhão da PM.

Líder de facção Breno de Souza, o BR
Breno de Souza, que é apontado como chefe do tráfico em favelas de Japeri e teria relação com o prefeito da cidade - Divulgação/Polícia Militar

As investigações foram conduzidas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e por dois grupos do Ministério Público do Rio (Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A ação contou com apoio da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar.

A polícia encontrou na casa do prefeito uma arma, munição, R$ 34 mil em espécie e US$ 850 (R$ 3.100). Parte do dinheiro estava em duas bolsas azuis com logotipo da Prefeitura de Japeri.

Ao chegar à Cidade da Polícia, na zona norte da capital, e ser questionado pela prisão, o Moraes xingou e ameaçou jornalistas que faziam a cobertura do caso: "Vai pra puta que pariu. Vai pra puta que pariu. Depois a gente acerta na Baixada", gritou.

Por meio de nota, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) repudiou as ameaças e intimidações. "Além de infringir o direito constitucional de acesso à informação, qualquer ato de intimidação ao trabalho jornalístico é uma ameaça à liberdade de imprensa", diz trecho do comunicado.

Carlos Moraes Costa tem 73 anos e é advogado. Foi eleito no primeiro turno das eleições de 2016 com apenas 611 votos de diferença para o segundo colocado (1,13 ponto percentual). Ele já havia sido prefeito da cidade duas vezes, de 1993 a 1996 e de 2001 a 2004.

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