SUS da Segurança entra em vigor com verbas em debate

Governo federal ainda não definiu de onde virá recurso para financiar sistema

Angela Boldrini Talita Fernandes
Brasília

Criado para unificar as polícias e os sistemas de segurança pública do país, o SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) entrou em vigor nesta quinta-feira (12) em meio a dúvidas sobre os recursos que o governo vai destinar para a segurança.

O SUSP prevê a criação de sistemas de compartilhamento de informação entre as forças policiais e entre os estados, além da criação de um banco de dados nacional sobre criminalidade, nos mesmos moldes do Datasus (do Sistema Único de Saúde). 

Caberá a Raul Jungmann, titular do Ministério da Segurança Pública, coordenar e implementar o projeto.

Embora especialistas elogiem a iniciativa de consolidar um sistema único para a segurança, a execução do SUSP é vista por alguns com desconfiança. Uma das dificuldades apontadas é a determinação da origem dos recursos, a ser feita pelo governo federal.

Em junho, o governo editou uma medida provisória que deslocava verba proveniente de loterias federais. Parte do dinheiro, antes destinada à cultura, esporte e educação, iria para a área de segurança. Em meio a críticas, o Palácio do Planalto admitiu que essa medida será revista.

De acordo com o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), uma nova MP será editada nos próximos dias. Ele já deu início às tratativas com o titular da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

A criação de um sistema único para administrar informações e ações das 27 unidades da federação e das diversas polícias é uma demanda antiga, especialmente de governadores dos estados. 

O texto prevê a instituição de conselhos de segurança nas três esferas de poder (municipal, estadual e federal). Eles englobarão as polícias, os bombeiros, os guardas municipais e os agentes de trânsito. 

Também está previsto o Plano Nacional de Segurança Pública, que institui as políticas para a área e vale por dez anos.

De acordo com o relator do projeto na Câmara, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), eles funcionarão como "braço estendido" da segurança pública, de caráter consultivo, e serão formados também por membros do Ministério Público e do Judiciário. 

O Ministério de Segurança Pública coordenará o Sinesp, sistema que reunirá dados de crimes de todo o país. Fica a cargo dos estados o envio de dados de ocorrências policiais, perfis genéticos e digitais, rastreamento de armas e execução penal, entre outros.

Os órgãos estaduais que não fornecerem as informações de ocorrências policiais serão punidos, tendo dificultado o acesso a recursos federais.

O texto tramitava no Congresso desde 2012, quando foi apresentado pelo Executivo durante o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). O projeto circulou por anos em comissões da Câmara, sem particular urgência, e chegou a ficar quase um ano parado após passar pela Comissão de Finanças e Tributação. 

Ressuscitou apenas no início de 2018, após ter sido decretada pelo presidente Michel Temer a intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. 

Além do Executivo, o sistema passou a ser defendido pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que buscavam protagonismo em ano eleitoral.

O projeto do SUSP foi discutido pelos presidentes das duas Casas com a presença dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, em reunião em fevereiro. Mais tarde, o Executivo também passou a participar das conversas sobre o tema.

No mesmo contexto, Temer criou o Ministério da Segurança Pública, inicialmente em caráter excepcional, mas depois transformado em uma pasta permanente.

Entenda o que é o SUS da Segurança Pública

O que é É o equivalente ao SUS (Sistema Único de Saúde), só que na área da segurança. Ou seja, é a integração das ações e dados de todos os órgãos do país, a nível federal, estadual e municipal. Sua estrutura se dará por meio de conselhos de segurança, a serem criados nas três esferas

Quem será responsável O Ministério da Segurança Pública, comandado por Raul Jungmann, deverá gerir o sistema, orientando os órgãos integrados

Quem fará parte:

Órgãos federais
Polícia Federal
Polícia Rodoviária Federal
Polícia Ferroviária Federal
Guarda portuária
Secretarias nacionais de Segurança Pública, de Proteção e Defesa Civil e de Política sobre Drogas

Estaduais
Polícias civis
Polícias militares
Corpos de bombeiros
Institutos de criminalística, medicina legal e identificação
Órgãos dos sistemas penitenciário e socioeducativo
Secretarias estaduais de Segurança Pública

Municipais
Guardas municipais
Agentes de trânsito

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