Alvo de ação contra milícia no Rio foi expulso dos EUA por suspeita de elo com EI

Diego Chaar é suspeito de já ter tido vínculo com extremistas, diz polícia

Preso desde março, Diego Chaar, 26, foi apontado pela polícia do Rio como suspeito de já ter tido vínculo com o Estado Islâmico nos EUA
Preso desde março, Diego Chaar, 26, foi apontado pela polícia do Rio como suspeito de já ter tido vínculo com o Estado Islâmico nos EUA - Reprodução
Marina Lang
Rio de Janeiro | UOL

Um dos alvos da Operação Freedom, desencadeada nesta quinta-feira (2), o brasileiro Diego Caldeira de Andrada Chaar, 26, foi apontado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio como suspeito de já ter tido vínculo com o grupo extremista Estado Islâmico enquanto morava nos EUA.

A informação foi divulgada hoje em entrevista à imprensa na Cidade da Polícia, zona norte da capital fluminense.

O intuito da operação, cujas investigações tiveram início há quase quatro meses, é desarticular quadrilha suspeita de praticar diversos crimes, entre eles, o de atuar como milícia. Foram expedidos 42 mandados de prisão preventiva —um deles contra Wellington da Silva Braga, o Ecko, apontado como chefe da maior milícia da zona oeste carioca (a antiga Liga da Justiça)— e 87 de busca e apreensão em residências. Até o começo da tarde, 25 pessoas haviam sido presas —13 delas nesta quinta e outras 12 em flagrante no curso das investigações dos últimos meses.

Chaar está preso desde março no Rio sob acusação de porte ilegal de arma de fogo. Desde então, ele já estava no radar do MP-RJ (Ministério Público do Rio) e da Polícia Civil por uma possível atuação com a milícia de Itaguaí, na região metropolitana do Rio. A partir da Operação Freedom, foi expedida nova ordem de prisão contra ele.

"Ele foi deportado dos Estados Unidos, onde morou por 15 anos. A mãe dele ainda mora nos EUA e manda dinheiro para ele aqui no Brasil. Durante o período que morou nos Estados Unidos, ele se vinculou ao Estado Islâmico e foi deportado por esse motivo. Ao voltar para o Brasil, se vinculou à milícia de Itaguaí", disse o delegado Delclécio Assis, diretor de policiamento da Baixada Fluminense.

"É uma pessoa violenta, porta arma de fogo, inclusive foi preso portando uma arma de fogo e, por ter a função de realizar a extorsão, já se pode presumir que é um sujeito violento, que intimida. As extorsões dele eram sempre em tom de ameaça para coagir a vítima a pagar", continuou.

Ainda de acordo com o delegado, ele tinha a função de extorquir dinheiro de comerciantes da região. "Ele fazia a extorsão propriamente dita", relatou o delegado.

A reportagem não localizou a defesa de Chaar. Ao negar a revogação da prisão preventiva de Chaar, em julho, o juiz Marcelo Borges Barbosa, da Comarca de Mangaratiba (Costa Verde fluminense), escreveu sobre indícios da participação do réu nas ações de milicianos.

"Já que existem informações nos autos de que o acusado chefia grupo de milicianos que atuam nos municípios de Mangaratiba e Itaguaí, os quais são responsáveis pelas práticas de diversos crimes, de modo que em liberdade poderia intimidar testemunhas que ainda serão ouvidas em Juízo, resultando presente o risco para a ordem pública, conveniência da instrução processual e aplicação da lei penal.

Dessa forma, verifico que a liberdade do acusado importará em risco para a ordem pública, bem como a aplicação da lei penal e a instrução processual", anotou o magistrado.

Prisão nos EUA

Chaar foi preso nos Estados Unidos em 2015 por ameaças a um rabino em uma sinagoga de Miami, na Flórida.

Ele foi detido após gritar que "cortaria a cabeça" de frequentadores da sinagoga, acrescentando "allahu akbar" (Deus é grande, em árabe). De acordo com o canal de notícias Local 10 News, ele havia se convertido à religião muçulmana em 2012, quando foi preso por posse de drogas.

Ao canal de notícias, Chaar disse que não se tratava de um "crime de ódio" e que não fez ameaças aos presentes na sinagoga.

"Não tem nada a ver com o fato de eles serem judeus. Eu só quis ajudá-los a encontrar a paz consigo mesmos", declarou. "Não há nenhuma prova de que eu teria dito que iria cortar as cabeças deles", argumentou.

No mesmo dia, contudo, ele foi novamente preso, desta vez pela agência de imigração americana. Não há informações da data em que Chaar foi deportado para o Brasil.

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