Contra sarampo, SP irá buscar crianças não vacinadas casa por casa

Ação é voltada também a pólio; capital terá novo dia D e imunização em escolas

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São Paulo

Diante da dificuldade de atingir metas de vacinação, agentes de saúde irão fazer busca casa por casa de crianças não imunizadas contra o sarampo e a poliomielite na cidade de São Paulo.

A ação faz parte de uma série de medidas planejadas pela prefeitura, às quais a Folha teve acesso, que incluem ainda a vacinação em escolas municipais, a instalação de um posto volante de imunização na avenida Paulista e a realização de um novo Dia D neste sábado, com todas as unidades básicas de saúde abertas para isso.

As iniciativas são voltadas apenas às crianças de 1 a 5 anos, alvos da atual campanha nacional contra as duas doenças, que vai até o dia 31 de agosto.

A meta de vacinação é de 95% desse público, mas só foram imunizadas contra as duas doenças 59% das crianças dessa faixa etária na capital paulista.

"No ritmo atual, a meta não será atingida", diz a coordenadora do programa municipal de imunizações, Maria Lígia Nerge.

Para elevar os índices, desde o início do mês as escolas municipais têm pedido aos pais as carteiras de vacinação de seus filhos.

A partir da semana que vem, os alunos que estiverem com o registro incompleto poderão ser imunizados por equipes de saúde que irão às unidades educacionais, se houver autorização dos pais.

Já a busca ativa de crianças não vacinadas ocorrerá neste sábado. Os agentes irão passar de residência em residência para explicar a importância da vacinação e dar orientações sobre o tema.

A partir das informações, caberá às famílias levar os filhos na unidade de saúde mais próxima para protegê-los das duas doenças.

No domingo (26), a imunização também poderá ser feita em um posto volante na avenida Paulista, no Conjunto Nacional.

Outras cidades e estados também têm enfrentado dificuldades para atingir as metas de proteção contra as duas doenças.

Balanço divulgado no último fim de semana pelo Ministério da Saúde apontou que cerca de 4,5 milhões de crianças haviam sido vacinadas desde o início do mês contra sarampo e poliomielite.

Apesar do avanço nos índices, o total ainda equivalia a apenas 40% do público-alvo da campanha nacional, iniciada em 6 de agosto.

A imunização nacional visa evitar uma reintrodução da paralisia infantil no país (que não é registrada desde 1989, mas tem baixos índices de vacinação) e novo avanço do sarampo, para além dos estados do Norte que lidam com o surto.

ESQUEMA DE VACINAÇÃO

Neste ano, a campanha de vacinação é “indiscriminada” —ou seja, mesmo crianças que já foram vacinadas no passado devem receber novas doses. O objetivo reforçar a imunização e criar uma barreira de proteção contra o sarampo.

Durante a campanha, a aplicação das doses tem esquemas diferentes dependendo da situação vacinal de cada criança. Crianças que nunca tomaram nenhuma dose de vacina contra a pólio, por exemplo, devem receber uma dose da VIP (vacina injetável).

Já aquelas que já tiverem tomado uma ou mais doses recebem a VOP (vacina oral), conhecida como gotinha. A ideia é reforçar a imunização contra a doença.

Contra o sarampo, a campanha prevê que todas as crianças recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção são aquelas que já foram vacinadas nos últimos 30 dias.

Segundo as secretarias de saúde, a vacina é contraindicada apenas para crianças imunodeprimidas, como aquelas submetidas a tratamento de leucemia e pacientes de câncer.

Já crianças alérgicas a proteína lactoalbumina, presente no leite de vaca, devem informar o quadro às equipes de saúde. Neste caso, elas recebem outra vacina contra sarampo, produzida pelo instituto BioManguinhos.

Abaixo, veja perguntas e respostas sobre sarampo, poliomielite e a campanha de vacinação.

 

Quem deve ser vacinado durante a campanha? Crianças com idade a partir de 1 ano e menor que 5 anos, ainda que já tenham sido vacinadas contra sarampo e poliomielite 

Até quando vai a campanha? Até 31 de agosto

Que vacinas são oferecidas? As crianças que nunca tomaram nenhuma dose da vacina contra poliomielite receberão a vacina injetável; as que já tiverem tomado uma ou mais doses receberão a vacina oral. Quanto ao sarampo, todas receberão uma dose da tríplice viral, que protege também contra caxumba e rubéola, exceto as que tomaram essa vacina há menos de 30 dias

O que é o sarampo? É uma doença infecciosa, causada por um vírus. É grave e extremamente contagiosa. Suas complicações são maiores em crianças menores de um ano de idade e desnutridas

Quais são os sintomas? Manchas avermelhadas na pele, manchas brancas na parte de dentro das bochechas, febre alta, tosse, coriza e conjuntivite

Como ela é transmitida?  Pelo contato direto com a secreção do doente e pelo ar

Como me prevenir contra a doença? Tomando a vacina. Bebês devem receber, aos 12 meses, uma dose da tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e, aos 15 meses, uma dose da tetra viral (que também protege contra catapora). Quem não tomou a vacina na infância deve tomá-la depois: duas doses da tríplice viral se tiver até 29 anos e uma dose se tiver de 30 a 49 anos. Na campanha atual, contudo, o Ministério da Saúde está convocando todas as crianças com mais de um ano e menos que cinco, independentemente da situação vacinal

Adultos podem ser vacinados? Adultos não são o foco da campanha atual, que é específica para crianças, mas eles podem ser vacinados normalmente nos postos de saúde, a depender da situação vacinal

O bebê pode tomar a vacina tetra viral junto com outras? Sim, exceto com a de febre amarela

Quem não deve tomar a vacina? Gestantes, bebês com menos de seis meses, pessoas com suspeita de sarampo e imunocomprometidos. Quem já teve a doença também não precisa se imunizar

Quanto tempo a vacina leva para fazer efeito? De duas a três semanas

Não me lembro se fui vacinado, o que devo fazer?  Se tiver até 49 anos de idade, tome a vacina. A partir dessa idade, a imunização deve ser avaliada caso a caso

E a poliomielite? Também chamada de paralisia infantil, é uma doença infectocontagiosa grave e caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito e evolução rápida. Acomete principalmente os membros inferiores. Está erradicada em quase todo o mundo e não há casos no Brasil há 20 anos. Contudo, houve registro do vírus em mais de 20 países nos últimos anos

Fontes: Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do RJ e infectologista Renato Kfouri

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