Descrição de chapéu Obituário Lysias Azevedo Leitão (1961 - 2018)

Mortes: Educador bem-humorado e proativo da mineira Caratinga

Cozinheiro de mão cheia, gostava de fazer poemas e era pessoa decidida

Paulo Gomes
São Paulo

"Desculpe. Acordei e tomei um banho, mas não estava achando o pente", disse Lysias. A cabeça luzia sem um fio de cabelo. A piadinha era para justificar à enfermeira o pequeno atraso para a aplicação de uma injeção nele, em tratamento de um câncer.

Os mais próximos tinham o privilégio de se deixarem cativar não só por seu bom humor, mas também pelo paladar, já que nas horas de lazer ele gostava de cozinhar. Cada parente tinha o seu prato predileto de Lysias: moqueca capixaba, torta capixaba, paella.

Enquanto cozinhava, tomava um vinho e escrevia poemas. Foram tantos que a família os encontra até mesmo rabiscados no verso de contas de luz. Pretendem reunir o material e as receitas para lançar um livro póstumo.

Nascido e criado na mineira Caratinga, foi o nono de 12 filhos de um casal de educadores —o pai é o fundador do que hoje é a Rede de Ensino Doctum. Lysias seguiria a carreira, atuando como professor de ciências contábeis, coordenador de curso e diretor de expansão da Doctum. 

Desde pequeno, se botava algo na cabeça, ia até o final. Quando criança, décadas antes do tratamento do câncer lhe tirar os cabelos, tinha-os compridos, encaracolados e bagunçados. A irmã mais velha uma vez lhe disse que ele não faria nada sem penteá-los, e ele ficou gritando o dia inteiro, em protesto.

Não gostava de ficar parado. A intensidade com que vivia resultou em algumas precocidades. Foi pai aos 19. Aos 36, já era avô. Aos 53 teve um problema cardíaco e precisou trocar uma válvula do coração.

Morreu também precoce, aos 56, no último dia 16, em decorrência do câncer. Deixa os filhos Camila, Felipe e Tássio, a esposa Silvania, dois netos e dez irmãos.


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