Na mineira Campo Belo, onde nasceu e cresceu, Fernando Massote via os trabalhadores da lavoura formarem fila na porta de sua casa para receber o pagamento pelas jornadas na roça. Era jovem demais para entender o motivo, mas aquilo lhe causava incômodo.
Na época de colégio, arrumou confusão com os padres da escola, que queriam impor uma pintura moderna à igreja e assim apagar a antiga, de característica barroca.
Quando foi cursar faculdade em Belo Horizonte, já era uma liderança estudantil do interior, e seria eleito líder da Umes, união secundarista.
Em seu aniversário de 21 anos, 1º de abril de 1964, acordou com os rumores de um golpe de estado. Em busca de notícias, os jovens se reuniam em frente à faculdade de direito, no centro de BH. Figurinha carimbada, foi detido logo que chegou. Só seria libertado meses depois, em condicional, e saiu do país.
Na Europa, concluiu a formação humanista em filosofia e sociologia na Bélgica e na Itália —país com corrente política que o atraía na época.
Chegou a tentar uma visita aos pais em fins de 1968, mas mal pisou no Brasil e os amigos avisaram da edição do AI-5. Não chegou a ir a Campo Belo, só retornaria com a anistia.
De volta ao Brasil, foi para o departamento de ciência política da UFMG, onde ficou por mais de 30 anos.
Combativo e indignado com as injustiças sociais, o professor Massote estimulou seus alunos --e leitores de suas colunas nos jornais Estado de Minas e O Tempo-- a questionar e ter pensamento crítico.
Morreu no dia 1º de julho, aos 75, em decorrência de uma pneumonia. Deixa a companheira Carmen, com quem ficou por 40 anos, as filhas Fernanda e Renata, três netos e cinco irmãos.
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