Descrição de chapéu Obituário Hannelore Fuchs (1927 - 2018)

Mortes: Pioneira no bem-estar de animais e seus companheiros

Foi uma precursora do estudo de comportamento e estresse dos bichanos

Paulo Gomes
São Paulo

Hannelore tinha profunda aversão ao sofrimento alheio. A sensibilidade fez com que, em vez da medicina, optasse pela veterinária.

A psiquiatra de animais Hannelore Fuchs, 83, carrega um de seus animais de estimação - Jefferson Coppola - 26.mar.2010/Folhapress

Foi calejada. Criança na Alemanha, era colocada pelos pais para descascar batatas no porão. Era longe de ser um castigo. A Europa vivia a ascensão do nazismo, e a menina hiperativa precisava gastar energia longe das ruas, onde a polícia reprimia judeus.

Aos 14, veio para São Paulo com os pais e o irmão. Fez um curso de secretariado, conheceu o futuro marido, Alfred, também refugiado judeu, e foi fazer veterinária em uma das primeiras turmas da USP.
Incomodava-a, porém, a noção de tratar só as doenças. O sofrimento já estava ali.

A ideia foi crescendo ao longo de sua carreira, enquanto integrou as equipes do Zoológico e do Simba Safári de São Paulo —chegou a levar para casa uma filhote de onça-pintada que, desenganada, fora rejeitada pela mãe.

Notou que cães e gatos tinham suas próprias angústias e doenças psicossomáticas. Resolveu então, já próxima dos 60, cursar psicologia, e foi uma das precursoras do estudo de comportamento animal, relacionando problemas de animais ao estresse transmitido pelos donos.

Criou ainda o programa Pet Smile, uma espécie de "Doutores da Alegria" animal, em que voluntários levavam bichinhos para alegrar doentes em hospitais.

Era inventiva frente a empecilhos. Se a direção do hospital impusesse impedimento a peludinhos, levava tartarugas. Se o problema era carregar animais pelos corredores, levava-os num carrinho.

Morreu no dia 29, aos 91. Deixa os filhos Mario, Thomas (em memória), Silvia e Marcos, e quatro netos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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