Descrição de chapéu Obituário Romano Monti (1937 - 2018)

Mortes: Recomeçou a vida no Brasil como um artista do ouro

Imigrante italiano era fanático por futebol e jogou até os 70 anos

Paulo Gomes
São Paulo

O nome já entrega a origem italiana. Romano porém não é de Roma, mas de Bolonha, mais ao norte da Itália. Graças à alta patente do pai no Exército italiano, sua família tinha uma vida confortável.

Os tempos, porém, não eram de paz. A Segunda Guerra acabou por ser um divisor de águas e, já adolescente, teve de cruzar o oceano com a mãe e o irmão para fugir da caça às bruxas do pós-guerra.

Recomeçariam a vida no centro de São Paulo, em condições precárias. Moravam em uma pensão onde não havia nem fogão. Para ter luz à noite, por exemplo, tinham de usar uma lamparina a querosene.

Romano talhou seu crescimento em ouro: começou a trabalhar como aprendiz de ourives no então reduto de joalherias da capital paulista, as cercanias da praça da República. Seria seu ofício por toda a vida. Por décadas cultivou clientela fiel, que confiavam a ele a feitura de suas joias —diziam que ele era um artista.

No último meio século, manteve profunda amizade e sociedade comercial com outro imigrante, o grego Apostolos Apostolopoulos, com quem abriu negócio na área.

Romano deixou o centro quando se casou com Iza, também de ascendência italiana e foi para o bairro dela, a tradicional Mooca. Lá, passou a frequentar o clube Juventus, um dos times do coração ao lado do Palmeiras --e do Bologna, claro. Sempre que possível, ia com o neto aos jogos no Allianz Parque.

No clube da Mooca, ocupou a função de conselheiro e jogou torneios de futebol até os 70 anos. Foi atacante enquanto o corpo permitiu, e deixou os gramados como goleiro. Os jogos de tranca com os amigos do clube eram outro prazer.

Morreu no dia 22, aos 80, por complicações pulmonares. Deixa a mulher, Iza, os filhos Rosângela, Mauro e Marcello, e os netos Natália e Ítalo.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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