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Vila Mariana tem onda de rumores de estupros após jovem pedir ajuda

Mulher relatou crime, e mensagens se espalharam; polícia não registrou nenhum caso

São Paulo

O pedido de ajuda feito a funcionários de uma estação do Metrô por uma jovem que relatou ter sido estuprada foi seguido de uma onda de rumores nos últimos dias sobre ataques a mulheres na região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, ligada à gestão Márcio França (PSB), nenhum caso na região foi registrado no período pela Polícia Militar nem pela Polícia Civil, apesar da série de mensagens em redes sociais —com relatos sem comprovação nem pistas de vítimas, mas que acabaram se espalhando principalmente entre estudantes.

Uma mão segura um celular Samsung com uma imagem na tela, print de uma story do Instagram com vários relatos dos supostos ataques na região da Vila Mariana, escritos em cores diferentes
Mulheres compartilham alertas pelas redes sociais sobre supostos estupros na região das estações Vila Mariana e Ana Rosa do metrô, na zona sul de SP - Rogério Pagnan/Folhapress

A única informação confirmada é que, por volta das 6h de sábado (18), uma jovem pediu ajuda a funcionários da estação Vila Mariana dizendo ter sido estuprada —fora das dependências do metrô.

Ela recusou encaminhamento hospitalar e não quis registrar nenhuma queixa oficial. Acabou sendo levada até a casa dos pais por funcionários da companhia estadual.

Depois disso, rumores difundidos em redes sociais afetaram a rotina de estudantes ao falar em ataques em série nos últimos dias, citando inclusive instituições de ensino que desmentem a informação.

Uma das mensagens chegou a dizer que as vítimas estudavam na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e no cursinho Poliedro.

O Poliedro diz que nenhuma aluna da instituição foi vítima de ataques nos últimos dias.

A ESPM afirma que fez uma apuração interna (conversando com professores, funcionários e alunos) e que também não identificou nenhum caso.

Mesmo assim, diante dos rumores, a faculdade decidiu enviar um comunicado aos estudantes e funcionários sobre as orientações de segurança na região e a existência de vans que fazem transporte das estações do metrô para as escolas e vice-versa.

Os rumores acabaram provocando mudanças na rotina de parte dos jovens no bairro.

"Minha amiga estava esperando a colega dela sair pra irem juntas, com medo de andar sozinha", disse Maria Luisa Pessôa, 22, ex-aluna da ESPM.

Sara Jordani, 31, moradora da região, disse que não é adepta às redes sociais, mas ficou sabendo dos rumores pela diarista que esteve na sua casa. Para ir à ESPM na noite desta quarta (22), ela pegou um Uber. "Moro do lado do metrô e sempre venho andando. Não sei se é verdade, mas é melhor prevenir."

A administradora de empresas Patrícia Primazzi, 43, diz que desde segunda (20) recebe mensagens sobre os supostos crimes sexuais na região. "Tudo o que sei sobre o assunto vi nas redes sociais."

Apesar do clima de tensão em parte dos alunos especialmente em mensagens pela internet ou aplicativos de celular, a reportagem verificou que muitos jovens andavam na região na noite desta quarta sem sinal de preocupação.

A estudante de administração Isabela Ruiz, 21, disse que recebeu uma série de relatos de amigas sobre os supostos ataques a meninas, mas afirmou acreditar que a repercussão se deu mais nas redes sociais. "Não percebi nenhuma mudança de hábitos de ninguém."

Os rumores que se espalharam por frequentadores da região ocorrem num ano em que os estupros estão em alta na cidade de São Paulo.

Os registros oficiais desses crimes chegaram a 1.331 no primeiro semestre deste ano (média superior a 7 por dia), aumento de 12% em relação ao mesmo período de 2017.

Já os casos registrados de janeiro a junho na região do 36º DP (Vila Mariana), do 5º DP (Aclimação) e do 16º (Vila Clementino) indicam estabilidade —foram 6, 9 e 10 casos, respectivamente, durante seis meses, contra 7, 9 e 10 registros no mesmo período do ano passado.

Colaborou o Agora

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