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Aluna de outra escola fez queixa sobre professor investigado por assédio

Afastado, profissional da rede estadual de São Paulo nega relatos de assédio

Elaine Granconato
São Paulo | Agora

O professor de educação física afastado após uma aluna de 11 anos do colégio estadual Marina Cintra, na Consolação, acusá-lo de assédio já havia sido alvo de relato anterior feito por uma estudante de outra escola na região central de São Paulo.

Entrada da Escola Estadual Prof.ª Marina Cintra, na Consolação - Ronny Santos/Folhapress

Nesse relato, feito há quatro meses para a direção da Escola Estadual Professor Fidelino de Figueiredo, na Vila Buarque, a aluna disse se constranger com o olhar do educador. Na época, segundo um funcionário, o caso foi encaminhado à Diretoria Regional Centro para apuração. O profissional continuou trabalhando na unidade.

O professor foi afastado da rede de ensino estadual na segunda-feira (24), após os pais da aluna de 11 anos do Marina Cintra registrarem boletim de ocorrência. A Polícia Civil instaurou inquérito e investiga o caso, como mostrou o "Agora".

Segundo essa aluna do Marina Cintra, o professor perguntou se ela ainda virgem e se perderia a virgindade com ele.

Ele dava aulas nas duas escolas. A reportagem ouviu relatos de alunos e pais sobre supostos casos de assédios que teriam sido cometidos pelo professor, tais como perguntas sobre virgindade, olhares maliciosos e toques em partes dos corpos das meninas. Em entrevista, o educador negou todas as acusações e disse que registrou boletim de ocorrência de ameaça, calúnia e dano contra o seu carro.

Com 12 anos na rede de ensino do estado e formado em educação física, ele disse que está sendo alvo de falsos testemunhos, denúncias sem fundamentos, inveja, injúria e discriminação racial por ser negro. Em entrevista à reportagem, afirmou nunca ter encostado em nenhuma garota e rechaçou todos os relatos sobre supostas situações de assédio.

Indagado sobre o relato da aluna de 11 anos do Marina Cintra, se ela era virgem e se perderia a virgindade com ele, o professor negou. Afirmou que, se isso ocorreu, foram as alunas que o questionaram.

Disse ainda que sua imagem está sendo prejudicada, principalmente nas redes sociais, e reclamou do prejuízo com o carro, quebrado por alunos na última sexta.

Ele negou também a prática de dividir as turmas, conforme alunos das duas escolas relataram, com meninos jogando futebol na quadra ou no pátio e ele somente com meninas em outras atividades, como jogos de queimada e exercícios de agachamento.

Sobre as queixas de como olhava para as alunas, disse que, como professor de educação física, é obrigado a olhar o movimento, o uniforme e a postura.

A Secretaria de Estado da Educação, sob gestão de Márcio França (PSB), afirmou que os casos estão sendo averiguados. No entanto, ao contrário do informado por um funcionário da Escola Estadual Professor Fidelino de Figueiredo, a pasta diz que “não havia denúncia anterior na Diretoria de Ensino Centro”, e que abriu apuração sobre os casos na segunda.

O professor foi notificado para apresentar sua defesa. No comunicado, foi avisado que está “suspenso e não deve voltar às duas escolas”.

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