Atacar filiação partidária de reitor da UFRJ é antidemocrático, diz pró-reitor

Universidade é a gestora do Museu Nacional, que foi destruído por incêndio no domingo

Roberto Leher, professor titular da Faculdade de Educação e Reitor da UFRJ
Roberto Leher, professor titular da Faculdade de Educação e Reitor da UFRJ - Adriano Vizoni/Folhapress
Rio de Janeiro

O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFRJ. Roberto Gambine, classificou como “antidemocráticas” críticas à suposta politização do comando da universidade, que é responsável pela gestão do Museu Nacional, destruído por incêndio no último domingo.

“É uma visão antidemocrática. Cada um de nós aqui pode ter uma opção partidária. Mas não é isso que marca. As pessoas não conhecem a universidade, a gente não funciona nessa lógica aqui de partido de oposição ou situação”, afirmou Gambine, que é filiado ao PC do B.

Quatro entre os dez membros do comando da UFRJ são filiados ao PSOL, incluindo o reitor, Roberto Leher. O tema vem sendo alvo de críticas em redes sociais e chamou a atenção do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.

“Fazer esse tipo de vinculação é uma covardia com o nosso reitor. Eu não sou do PSOL, mas respeito a opção partidária dele. Então, pergunto: de qual o partido dele poderia ser? Ou nós teremos que nos anular politicamente”, questionou Gambine.

Além de Leher, são filiados ao PSOL em sua equipe a vice-reitora Denise Fernandes da Rocha Santos, o pró-reitor de pessoal, Agnaldo Fernandes da Silva, e a pró-reitora de extensão, Maria Mello de Malta.

Professor titular da Faculdade de Educação, Leher foi eleito pela comunidade acadêmica da UFRJ em 2015, para cumprir mandato até 2019. Em sua primeira gestão na reitoria, ele substituiu o professor Carlos Levi, que era pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento de seu antecessor, Aloísio Teixeira.

Em 2017, chegou a ser acusado pelo Ministério Público Federal de improbidade administrativa por promover evento de caráter político-partidário na universidade, mas a ação foi rejeitada pela Justiça.

Por meio de nota, o PSOL diz repudiar a tentativa de “responsabilizar a reitoria da UFRJ e, indiretamente, o partido, citando que o reitor Roberto Leher é filiado ao PSOL."“Temos muito orgulho de ter Roberto Leher ao nosso lado. Em anos no movimento docente, Leher sempre esteve comprometido com a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade e a ampliação dos investimentos públicos necessários para isso.”, segundo trecho da nota.

Segundo o PSOL, Leher dispôs encarar o desafio de gerir a UFRJ “em plena crise, tendo sido eleito com amplo apoio da comunidade acadêmica.” “Ao longo desses três anos, tem sido incansável na busca por mais investimentos que possam garantir o funcionamento da UFRJ”, disse o PSOL.

A universidade prevê chegar ao fim do ano com déficit de R$ 160 milhões —incluindo débitos de anos anteriores. Mas, apesar de estar afundada numa crise orçamentária, a UFRJ figura por dois anos consecutivos como a melhor universidade do país no RUF (Ranking Universitário da Folha).

Os bons resultados no ranking foram obtidos pelos esforços da universidade nos últimos anos. Entre os cinco indicadores que medem a qualidade das instituições avaliadas, a UFRJ desponta no quesito ensino.

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a USP (Universidade de São Paulo) estão na 2ª e 3ª posições, respectivamente.

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