Com 4 anos de atraso, Governo de SP enfim liga linha-5 com malha do metrô

Estações Santa Cruz e Chácara Klabin farão conexão com as linhas 1-azul e 2-verde

Fabrício Lobel
São Paulo

Às vésperas de uma eleição a governador e após 20 anos de obras, o Governo do Estado de São Paulo entrega na manhã desta sexta-feira (28) três estações da linha 5-lilás do metrô. As inaugurações serão das estações Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin. A linha deveria ter sido entregue em 2014.

A linha parte do bairro do Capão Redondo e agora poderá se conectar à linha 1-azul, na estação Santa Cruz, e na linha 2-verde, na estação Chácara Klabin. 

Nos primeiros dias, as estações e suas conexões deverão funcionar em horário reduzido, das 10h às 15h, para testes. O governo do estado estima entre 15 e 30 dias o período de testes.

A inauguração foi feita por  Clodoaldo Pelissioni, secretário estadual de transporte metropolitano, Paulo Menezes, presidente do Metrô, e Luis Valença, presidente da ViaMobilidade (concessionária da linha 5-lilás). Valença é também presidente da ViaQuatro, que também opera a linha 4-amarela. As duas concessionárias são do Grupo CCR e o Grupo Ruas.

No meio do caminho, a estação Campo Belo é última prevista para a linha 5-lilás e só deverá ser entregue ao fim deste ano.

A inauguração obedece uma tendência conhecida pelos paulistanos: a de inaugurações em anos eleitorais. Só em 2018, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), entregou dez estações, mais do que ele havia inaugurado nos seis anos anteriores. 

Desde a saída de Alckmin, o governador e candidato ao governo paulista Márcio França (PSB) entregou a estação AACD/Servidor, em agosto, e nesta sexta, entregará mais três.

Todas as obras de expansão do metrô paulista estão atrasadas ou paralisadas. 

A conexão da linha 5-lilás com o restante da malha metroviária era muito aguardada por moradores do extremo sul da cidade de São Paulo, que agora terão seu acesso facilitado à região central e à avenida Paulista. A entrega das estações deverá mudar fluxos de passageiros na rede de transporte sobre trilhos da cidade. 

Entre as principais diferenças estão a redução do número de passageiros na linha 9-esmeralda da CPTM (sistema de trens paulista) e na linha 4-amarela. 

Em contrapartida, trechos da linha 1-azul, 2-verde e a própria linha 5-lilás ganharão em número de passageiros durante o horário de pico.

As novas conexões deverão baixar o tempo de deslocamento de parte dos passageiros do metrô. Veja abaixo simulações feitas pelo Metrô: 

A linha 5-lilás foi prometida para 2014, mas teve sucessivos atrasos. As obras foram iniciadas em 1998, ainda no governo do tucano Mário Covas. A inauguração das primeiras seis estações, num percurso de 9,4 km, ocorreu em 2002. Mas a operação comercial só se tornou plena (todos os dias e em horário estendido) em 2008.

Nos primeiros anos, a linha sofreu com a baixa adesão, já que ficava distante de outras estações do Metrô. A ociosidade chegou a custar R$ 2,8 milhões ao mês à companhia (diferença entre a arrecadação e a manutenção do trecho).

Em 2010, mais um tropeço no histórico da linha: uma reportagem da Folha mostrou que as empresas que venceriam os lotes para a segunda etapa do ramal (entre as estações Largo Treze e Chácara Klabin) já eram conhecidas seis meses antes da licitação.

A reportagem causou a suspensão da licitação e a abertura de investigações pelo Ministério Público. O caso segue na Justiça. Em 2011, Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu avançar as obras com os contratos suspeitos, contrariando recomendação da Promotoria.

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