Descrição de chapéu Obituário ANDRÉ LONGO MILANESE (1990 - 2018)

Mortes: Curila travava batalha contra Chronos, o deus do tempo

Curitibano vivendo em São Paulo, era chamado de Curi ou Curila, sua alcunha preferida

Marcelo Ullmann
São Paulo

"Curila veio para São Paulo para conquistar o mundo"; "Curila precisa se alimentar muito bem"; "Curila se recusa a dormir tarde". André tinha essa mania curiosa de, usando seu apelido, fazer-se referência em terceira pessoa. Curitibano, aos 17 veio para São Paulo construir a vida. Em razão de sua origem, era comumente chamado de Curi, Curitiba, ou Curila, sendo a última sua alcunha favorita.

Tinha uma espécie de obsessão em aproveitar os minutos da forma mais eficiente possível. Andava sempre com seu relógio de pulso marcando as fatias de tempo para melhor otimizá-lo. Os amigos brincavam com essa característica, dizendo que, também pela inteligência descomunal, ele seria uma espécie de computador humano de última geração.

Não há relatos de alguém que tenha com ele convivido que não o descrevesse como intelectualmente brilhante. Formado em administração de empresas pela FGV e em direito pela USP, fazia estágio enquanto cursava as duas faculdades. Era sua forma de mostrar ao deus Chronos quem estava no comando.

Assim como tarefas, André também acumulava amigos. Entre os "Apôs", patota de dez inseparáveis da faculdade de direito, era o cabeça. Ele que marcava os churrascos e as viagens; quem não comparecesse era imediatamente suspenso do grupo de WhatsApp, do qual ele era, obviamente, o administrador. Era seu jeito pouco ortodoxo de dizer o quanto amava cada um daquela turma.

Em uma Peruada, tradicional Carnaval fora de época promovido pela faculdade de direito, ele foi o Piu-piu de 1,90m, seguido por nove Frajolinhas, devotados amigos.

Fazia sucesso com as meninas, mas quem amoleceu seu coração foi Milena. Cruzaram seus caminhos em uma festa no Rio de Janeiro e, desde então, mantiveram-se unidos. Depois que a conheceu, um dos amigos brincou que ele havia feito a derradeira atualização de seu software: tornara-se, enfim, 100% humano.

No último dia 19 concluiu que a batalha contra Chronos era inglória. Decidiu tomar a dianteira. Fez sua cama, arrumou sua casa, e deu stop em seu relógio suíço. Destinou seus bens para o Projeto Gauss, que concede bolsas e apoio a alunos de baixa renda. Deixa a mãe, Aricélia, e o pai Leandro.


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