Até os 87 anos, o médico Luiz Carlos fazia questão de ir a seu consultório em Campos (RJ) e só voltar para casa após atender todos os pacientes da agenda. O exercício da medicina era sua grande paixão.
Com mais de meio século de atuação na mesma cidade, se tornou referência para famílias e cuidou de gerações.
"Ele olhava para a necessidade das pessoas e tinha a medicina como um sacerdócio. Inúmeras vezes atendia de graça", diz o filho Luiz Felipe, que além do primeiro nome, herdou do pai a profissão.
Desde criança Luiz Carlos demonstrava o desejo de ser médico. Para alcançar o sonho precisou mudar para o Rio de Janeiro, local mais próximo que oferecia o curso. Formou-se na URJ (Universidade do Rio de Janeiro), atual UFRJ, mas voltou para Campos por entender que seria mais útil na pequena cidade.
Antenado, o médico queria sempre aprender e lia muito. Além da medicina, gostava de arte e história.
Tinha entusiasmo ao compartilhar o que sabia, seja contando histórias aos netos, aconselhando algum paciente ou ensinando na faculdade ou no hospital. Dizia que a ignorância era o mal da humanidade.
Quando soube que um hospital da cidade estava prestes a fechar, uniu-se a outras cabeças pensantes para transformar o local na Faculdade de Medicina de Campos. A ideia deu certo, e a instituição, na qual foi professor e diretor, fez 50 anos em 2018.
Seu filho, que inspirado no pai brincava na infância de aplicar injeções, anos mais tarde recebeu o diploma de médico com a assinatura de Luiz Carlos, diretor à época.
No dia 6 de setembro, aos 91 anos, encerrou sua jornada por falência de múltiplos órgãos. Deixa a mulher, Alny, sua companheira por 76 anos, dois filhos, nove netos e sete bisnetos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.