A francesa radicada no Brasil Renée de Carvalho teve uma vida de lutas. Enfrentou muitas batalhas, das armadas às ideológicas.
Ainda criança, recolhia dinheiro por Marselha para doar aos operários em greve.
Na adolescência passou a integrar um grupo de jovens de esquerda. Pouco tempo depois, com o início da guerra, foi tenente da resistência francesa ao nazismo. No início da fase adulta, levava dinheiro e armas para guerrilheiros.
"Ela era uma mulher de muita força e caráter, uma socialista com visão crítica. Era exigente com os outros e com ela própria", afirma o filho Raul.
Foi em casa, com os pais, que se uniram ao Partido Comunista, que ela aprendeu sobre a importância de defender seus pontos de vista e batalhar pelo bem coletivo. "A gente discutia política em torno da mesa, tipo família italiana", dizia ela.
Na militância conheceu o brasileiro Apolônio de Carvalho, seu companheiro por 62 anos. Eles se casaram em meio a batalhas e o primeiro filho foi gestado durante a 2ª Guerra Mundial. Destemida, chegou a usar a gravidez para levar armas e dinamites escondidas aos combatentes.
Em 1947, chegou ao Brasil, onde precisou viver na clandestinidade por ser comunista. A situação se acalmou em 1957, mas, sete anos depois, com a ditadura militar, o marido foi preso e ambos tiveram que sair do país.
A família voltou ao Brasil após o período ditatorial, e manteve a ligação com os movimentos de esquerda. Foi então que criaram o Partido dos Trabalhadores (PT).
Além do sotaque francês, sempre marcante, Renée nunca perdeu a esperança de uma sociedade mais justa.
Morreu aos 93, no último dia 12. Deixa dois filhos.
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