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Playgrounds do parque da Aclimação são fechados após contaminação

Usuários detectaram presença de fezes de animais nos tanques de areia

Elaine Granconato
São Paulo | Agora

Os três playgrounds do parque da Aclimação (zona sul de São Paulo) foram interditados pela prefeitura há menos de uma semana após a constatação da presença de parasitas comuns nas fezes de animais.​

A informação foi divulgada aos frequentadores do local por meio de cartazes pendurados na frente dos brinquedos de ferro e madeira.

Segundo o comunicado, laudos técnicos do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) detectaram os parasitas, que seriam prejudiciais à saúde dos usuários. O parque está repleto de gatos abandonados.

O cartaz não informa quando as áreas dos brinquedos serão reabertas. Só aponta que, "em atendimento à solicitação das mães", medidas emergenciais estão sob estudo. Segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente da gestão de Bruno Covas (PSDB), a interdição ocorreu após a administração do parque da Aclimação receber reclamações dos usuários quanto à presença de fezes nos tanques.

Os testes detectaram a contaminação da areia dos três parquinhos por parasitas capazes de prejudicar a saúde, mas sem risco de morte. A administração estuda maneira eficaz para descontaminação, mas não dá prazo.

As três áreas estão protegidas por tela, diz a pasta, apesar de a reportagem ter constatado a presença de animais nos parquinhos. O Centro de Controle de Zoonoses realiza castração, vermifugação, vacinação e tentativa de adoção dos gatos.

Moradora do bairro, Maria José Andrade, 33, conta que costuma ver uma mulher alimentar os felinos quando passa pelo parque, por volta das 6h30, ao cortar caminho para levar os filhos na escola. "Ela traz a comida em um carrinho de feira", diz.

A alimentação dos felinos foi confirmada pelo comerciário aposentado Lucas Nacamura, 66. "Assim que o parque abre, às 5h, várias mulheres trazem latas com comida ou ração. Lota de gatos", diz.

Nesta terça (18), por volta das 12h, cinco gatos foram vistos escondidos entre a vegetação, um dos playgrounds e na pista de caminhada.

Segundo o médico Munir Akar Ayub, professor titular da disciplina de infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, os gatos, quando não devidamente tratados e cuidados, podem transmitir doenças por meio de suas fezes, como a toxoplasmose. Se o protozoário infectar gestantes no início da gravidez, pode causar problemas congênitos no feto.

As pessoas mais suscetíveis são as imunologicamente debilitadas, caso de pacientes com câncer ou portadores do vírus HIV, causador da Aids.

Para solucionar o problema no parque, o especialista recomenda a troca da areia e a higienização dos espaços interditados. "Também não se pode oferecer comidas cruas ou mal passadas, como carnes, aos gatos espalhados pelo local de uso público", afirma.

Moradora do Cambuci, na zona sul, a artesã Solange Alves dos Santos, 55, disse ter se sentido frustrada ao encontrar os três playgrounds interditados na manhã desta terça-feira (18).

Sua bisneta de três anos havia tirado o dia para ir ao local com ela, conta. O jeito para distrair a criança foi admirar os voos rasantes das duas araras, uma azul e outra vermelha, que circundavam parte do parque.

A interdição dos brinquedos também foi lamentada pelos primos Thiago de Andrade Silva, 7, e Erik Riann de Andrade Silva, 13, que também passaram pelo local.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que informava a reportagem, a toxoplasmose não é causada por vírus, mas sim por um protozoário. O texto foi corrigido.

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