Portugal lamenta incêndio e diz que tragédia reflete vínculos entre os dois países

Museu de História Natural de Lisboa também já foi vítima de fogo, com perda de parte do acervo

Lisboa

O governo de Portugal destacou a importância do Museu Nacional do Rio também para o país europeu. Em nota, o governo lamentou profundamente a destruição causada pelas chamas

"Quando se comemoram os 200 anos da aclamação de d. João 6º, fundador do originário Museu Real, e do nascimento da rainha de Portugal d. Maria 2ª, ocorrido neste mesmo Palácio de São Cristóvão, somos dramaticamente recordados de que também nas tragédias se refletem os vínculos seculares entre os nossos dois países”, diz o texto. 

O governo de Portugal lamentou ainda os danos ao edifício, "também ele um marco importante da história comum luso-brasileira”.

Coincidentemente no Brasil para uma visita oficial, o ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe Castro Mendes, também destacou a ligação de seu país ao museu da Quinta da Boa Vista.

"Estamos consternadíssimos. (…) É um monumento muito importante para a história dos dois países", afirmou o ministro em declaração à agência “Lusa”

"Portugal perde sempre. Perderam-se móveis de d. João 6º, os diários da imperatriz Leopoldina. É patrimônio de origem portuguesa, mas é patrimônio cultural do Brasil", completou. 

Então Museu Real, a instituição foi fundada em 1818 por decreto de dom João 6º, então soberano dos Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, justamente para promover a história e o patrimônio naturais.

REPERCUSSÃO

O incêndio que destruiu o Museu Nacional dominou o noticiário em Portugal nesta segunda (3). Os detalhes da destruição e as imagens das labaredas foram manchete na maior parte dos jornais ao longo do dia. O assunto também figura entre os mais comentados no Twitter e em outras redes sociais no país. 

A imprensa portuguesa tem dado especial destaque à falta de verbas de manutenção do espaço, que apresentava vazamentos, infiltrações e infestações de insetos. A troca de acusações entre a direção do museu, o governo federal e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) também está nos holofotes.

A falta de água nos hidrantes das imediações do museu, e a demora de cerca de uma hora para a chegada de caminhões-pipa foi outro ponto de crítica dos portugueses. 

Nesta manhã, a RTP, emissora pública do país, chegou a afirmar que o ministro português tinha uma visita marcada ao Museu Nacional. 

Trata-se, no entanto, de outro espaço também no Rio, o Museu Histórico Nacional, onde o ministro português assina, com seu homólogo brasileiro, Sérgio Sá Leitão, um memorando para cooperação em comemorações relacionadas à transferência da família real para o Brasil. 

O governo de Portugal emprestou algumas obras de museus portugueses para a exposição "O Retrato do Rei d. João 6º”, que entra em cartaz no Museu Histórico Nacional em outubro. 

O empréstimo das obras envolveu uma negociação delicada entre as autoridades dos dois países. 

Nas redes sociais, muitos portugueses lamentaram a perda de mais de 200 anos de história, mas lembraram que a falta de verbas para manutenção de museus também é uma realidade em Portugal. 

Em 2017, o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, relatou que precisava fechar salas inteiras de exposições devido à falta de pessoal de segurança.

INCÊNDIO EM MUSEU DE PORTUGAL

Em março de 1978, Portugal também teve um incêndio de grandes proporções em um museu.

As chamas destruíram uma boa parte do Museu de História Natural da Universidade de Lisboa. 

Pesquisadores dizem que é difícil precisar o que se perdeu, uma vez que catálogos e inventários também arderam. Mas coleções importantes de geologia e mineralogia foram perdidas. 

Nos últimos 40 anos, o museu fui reconstruído e boa parte das coleções, recompostas, embora com perdas. 

A administração também diz que houve reforço constante das medidas de segurança e de combate a incêndios, com a adoção de portas corta-fogo e outros dispositivos. 

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