Descrição de chapéu Eleições 2018

Qual o principal problema na saúde hoje? Veja o que os presidenciáveis responderam

Candidatos também disseram à Folha o pretendem fazer para corrigi-lo, caso sejam eleitos

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Médicos atendem paciente no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu (RJ) - Giovanni Bello-14.jul.17/Folhapress

Pesquisa Datafolha realizada na última semana mostrou que, para os eleitores brasileiros, a saúde é o principal problema do país. Para 40% deles, a área deve ser prioridade para o próximo presidente. Apesar disso, documento da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) avaliou que as propostas dos presidenciáveis para o setor são vagas e, em geral, trazem poucas metas concretas.

A Folha perguntou aos principais candidatos ao Palácio do Planalto o que consideram o principal problema da saúde no Brasil e o que pretendem fazer para corrigi-lo caso sejam eleitos. Confira abaixo as respostas.

Procurados pela reportagem, Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) não responderam.

 

Álvaro Dias (Podemos)
A saúde brasileira precisa enfrentar, além da crise financeira, a falta de organização do sistema. Precisamos implantar um sistema de gestão moderno e informatizado que não existe hoje e que trará eficiência a todas as etapas do tratamento, desde a marcação de consultas ao retorno do paciente. Criar polos de saúde, para atender os municípios, equipados com máquinas de raio-X, laboratórios, farmácias populares e profissionais. Estabelecer o prontuário eletrônico, que facilitará o controle, e a revisão da tabela de procedimentos, que vai incentivar a rotatividade. A meta de atendimento é fila zero nas unidades de atenção primária. Também é preciso fazer alterações necessárias na Lei do Teto dos Gastos (EC 95), para não prejudicar os investimentos no setor, e reformular o modelo de distribuição tributária, dando mais agilidade na transferência e autonomia aos municípios.

Fernando Haddad (PT)
Um dos principais problemas enfrentados pela saúde pública está no subfinanciamento do setor. A edição da Lei do Teto dos Gastos (EC 95), que congela o orçamento da saúde por 20 anos, agravou esse quadro. Além disso, o Brasil passa pelo desafio do envelhecimento da população. Adicionalmente, temos o desafio de atender à demanda legítima da população por consultas e exames especializados. Prevemos a revogação da EC 95 para aumentar os recursos financeiros para o setor. Para enfrentar a demora para marcar consultas e procedimentos com especialistas, a criação das clínicas de especialidades médicas. Combinar intervenções estruturais de financiamento com medidas imediatas, garantindo prontuário e fila eletrônicos e transporte sanitário, será a forma que buscaremos superar esse gargalo. Ampliar os investimentos na atenção básica, para que ela se torne resolutiva e se consolide como o eixo estruturante da saúde brasileira.

Geraldo Alckmin (PSDB)
Os principais problemas são: financiamento, gestão, desperdício e judicialização. Para resolver a questão do financiamento é preciso obter o equilíbrio das contas públicas e a consequente melhoria no repasse federal. A melhora da gestão pode ser alcançada por meio do Cartão Cidadão, recurso que concentrará todos os dados dos pacientes, inclusive o prontuário eletrônico, diagnósticos e tratamento. É preciso promover a regionalização do sistema e o trabalho em redes, como na Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer e a Rede de Reabilitação Lucy Montoro. O desperdício ocorre por corrupção e solicitação de exames desnecessários, uso de material indevido e o retrabalho. A solução é implementar mecanismos de fiscalização de qualidade, acreditação dos serviços de saúde, treinamento e mudança de cultura. A judicialização terá de ser enfrentada por iniciativa que permita oferecer aos juízes a melhor informação para que eles tomem a melhor decisão. 

Guilherme Boulos (PSOL)
O principal problema hoje é a desigualdade. O Brasil é desigual no adoecimento, no acesso aos serviços e na disparidade entre os sistemas público e privado. Dependendo da classe, da raça e do gênero, as pessoas adoecem de formas profundamente diferentes. Para enfrentarmos esse cenário, precisamos combater as distorções nesses sistemas. Hoje, na prática, o SUS sustenta por meio de subsídios grande parte do setor privado. Em vez de planos "populares", de cobertura restrita e baixa qualidade, o caminho é a ampliação do direito à saúde pública e gratuita, priorizando grupos e regiões mais carentes e de forma articulada com outras políticas públicas.

Henrique Meirelles (MDB)
O principal problema é o excesso de demanda do SUS. Vamos solucionar isso aumentando a eficiência do SUS com digitalização e informatização. Pretendo criar um cartão da saúde que todo brasileiro vai ganhar no próximo ano ou quando nascer e no qual ficará gravada toda a sua vida clínica, o que vai facilitar seu atendimento em qualquer hospital conveniado. Além disso, é possível melhorar a gestão, recorrendo a organizações sociais ou empresas privadas do setor, de tal forma a aumentar a eficiência e diminuir os custos do sistema. Não estamos propondo privatizar o SUS, mas sim ampliar a participação privada na gestão. O SUS é público, e não estatal. É preciso reduzir as regulações para a oferta de seguros privados de saúde. O objetivo é permitir que esse sistema ofereça diferentes tipos de seguros, adaptados a diferentes tipos de consumidores, com diferentes necessidades. No Brasil, devido ao excesso de regulação, ou você tem um seguro que cobre praticamente tudo, ou vai para o SUS. A ideia é que muitas pessoas vão preferir adquirir tais seguros em vez de usar o SUS. Assim, vai-se reduzir a demanda no SUS, aumentando o bem-estar dos grupos mais pobres e mais vulneráveis que somente têm acesso ao SUS.

João Amoêdo (Novo)
O SUS vai continuar gratuito e universal, mas precisamos resolver o problema da dificuldade de acesso. O sistema tem filas e longas esperas para quase tudo. Temos que agir em duas frentes para corrigir essa questão: pelo lado da oferta de serviços, precisamos de gestão mais eficiente. Modelos como PPP (parcerias público-privadas), OSS (organizações sociais de saúde) e parcerias com entidades privadas têm sido grandes avanços neste sentido.

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