Reitoria da UFRJ é comandada por filiados ao PSOL; entenda

Universidade é a gestora do Museu Nacional, que foi destruído por incêndio

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Roberto Leher, professor titular da Faculdade de Educação e reitor da UFRJ
Roberto Leher, professor titular da Faculdade de Educação e reitor da UFRJ - Adriano Vizoni/Folhapress
Rio de Janeiro

Responsável pela administração do Museu Nacional, destruído por um incêndio na noite de domingo (2), a atual gestão da UFRJ foi nomeada em 2015, com mandato até 2019. Professor titular da faculdade de educação e filiado ao PSOL, o reitor Roberto Leher assumiu com críticas à política de educação federal.

Em 2017, chegou a ser acusado pelo Ministério Público Federal de improbidade administrativa por promover evento de caráter político-partidário na universidade, mas a ação foi rejeitada pela Justiça.

Além de Leher, outros três dos dez membros da reitoria são filiados ao PSOL: a vice-reitora Denise Fernandes da Rocha Santos, o pró-reitor de pessoal, Agnaldo Fernandes da Silva, e a pró-reitora de extensão, Maria Mello de Malta.

Nesta terça (4), ao falar sobre o incêndio no Museu Nacional, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) criticou a filiação política na cúpula da universidade. “A administração toda é de gente filiada ao PSOL e ao PC do B. A indicação política leva a isso. Os partidos se aproveitam, vendem seu voto aqui dentro como regra para que a administração seja deficitária e lucrativa para eles individualmente.”

Por meio de nota, o PSOL diz repudiar a tentativa de “responsabilizar a reitoria da UFRJ e, indiretamente, o partido, citando que o reitor Roberto Leher é filiado ao PSOL."

“Temos muito orgulho de ter Roberto Leher ao nosso lado. Em anos no movimento docente, Leher sempre esteve comprometido com a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade e a ampliação dos investimentos públicos necessários para isso.”, segundo trecho da nota.

Segundo o PSOL, Leher dispôs encarar o desafio de gerir a UFRJ “em plena crise, tendo sido eleito com amplo apoio da comunidade acadêmica.” “Ao longo desses três anos, tem sido incansável na busca por mais investimentos que possam garantir o funcionamento da UFRJ”, disse o PSOL.

A universidade prevê chegar ao fim do ano com déficit de R$ 160 milhões —incluindo débitos de anos anteriores. Mas, apesar de estar afundada numa crise orçamentária, a UFRJ figura por dois anos consecutivos como a melhor universidade do país no RUF (Ranking Universitário da Folha).

Os bons resultados no ranking foram obtidos pelos esforços da universidade nos últimos anos. Entre os cinco indicadores que medem a qualidade das instituições avaliadas, a UFRJ desponta no quesito ensino. A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a USP (Universidade de São Paulo) estão na 2ª e 3ª posições, respectivamente.

 

SEM RECURSOS

A UFRJ gere 15 prédios tombados pelo patrimônio histórico, como o palacete do Museu Nacional. Entre eles, estão o palacete de 1879, no centro da cidade, onde está o Hospital Escola São Francisco de Assis, a casa de shows abandonada Canecão, na zona sul, e edifícios da cidade universitária.

Nos últimos anos, enfrentou outros incêndios: na Capela São Pedro de Alcântara, no campus da Praia Vermelha (zona sul), em 2011; nas faculdades de letras e ciências contábeis, em 2012 e 2014; e no alojamento estudantil, em 2017.

A universidade alega que a falta de manutenção é reflexo de restrições orçamentárias. Os gastos públicos gerais com a UFRJ, incluindo servidores, tiveram leve alta desde 2013. Mas os recursos vão cada vez mais para despesas carimbadas, como salários.

A universidade diz que, por isso, tem cada vez menos verba discricionária, tanto para custeio como investimentos. O Ministério da Fazenda diz que os gastos com a UFRJ em 2017 chegaram a R$ 3,1 bilhões. Mas a maior parte (R$ 2,6 bilhões) foi para pagar salários dos cerca de 14 mil servidores.

A UFRJ diz que a verba que ela própria pode gerenciar este ano se limita a R$ 388 milhões, com chance de contingenciamentos. Afirma serem necessários R$ 460 milhões.

É daí que saem os recursos para a operação do Museu Nacional, que em 2017 recebeu R$ 452,5 mil da UFRJ. É também dessa rubrica que a universidade tira verba para serviços de segurança, transporte e assistência estudantil.

Para fechar as contas, a gestão da universidade propôs cortes de gastos com energia, telecomunicações e combustíveis, redução da frequência de ônibus no campus e renegociação com fornecedores.

Com a queda de investimento nos últimos anos, foram paralisadas obras de novos edifícios, hoje inacabados, na cidade universitária. A má gestão também contribuiu: planejada para receber estudantes de direito, uma das construções foi suspensa por problemas na fundação.

“As restrições orçamentárias estão afetando o cotidiano de professores, alunos e a própria estrutura física da universidade”, diz a professora Maria Lúcia Werneck Vianna, que preside a associação dos docentes da UFRJ.

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