Sistema prisional barra casamento de serial killer de Goiás com presa

Condenado por 29 mortes, vigilante não provou que já conhecia a detenta antes de ser preso

Marcelo Toledo
Ribeirão Preto (SP)

A DGAP (Diretoria-Geral de Administração Penitenciária) de Goiás barrou o casamento de um serial killer com uma presa no complexo prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital.

Detido desde 2014, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 30, fez pedido para se casar com a presa Jéssica Alves dos Santos, 21, condenada a 20 anos de prisão por roubo e que tem passagens policiais também por associação criminosa e latrocínio.

Ele, por sua vez, já foi condenado a 684 anos de prisão e queria participar de um casamento comunitário que deve ser realizado no próximo mês no local.

O pedido foi negado administrativamente pela DGAP com base na portaria 269, de 2018, que em seu artigo 119 proíbe o relacionamento entre detentos em casos como esse.

Segundo a portaria, só podem se relacionar presos que eram casados civilmente antes da prisão de um deles, tinham filhos em comum antes da prisão de um dos dois ou, ainda, se foram presos juntos e provarem que na data da prisão já tinham um relacionamento.

Como Rocha não provou viver uma das três situações, o pedido foi negado. Jéssica está presa desde 2016, condenada por roubo.

Rocha já foi condenado por 29 mortes, dois assaltos e porte ilegal de armas, em crimes cometidos entre 2013 e o ano seguinte e que chocaram o país pela forma aleatória na escolha das vítimas nas ruas da cidade.

A mais recente condenação ocorreu na última quinta-feira (20), pela morte de Bruna Gleycielle de Sousa Gonçalves, em maio de 2014.

Bruna aguardava um ônibus após sair da academia quando Rocha chegou em uma moto e anunciou um assalto.

Conforme o TJ (Tribunal de Justiça) de Goiás, um colega de trabalho da vítima disse que o serial killer atirou no peito de Bruna enquanto ela pegava o celular e fugiu sem levar nada.

Rocha foi condenado a 21 anos por homicídio qualificado. Para o juiz Eduardo Pio Mascarenhas, da 1ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, o caso foi de “reprovabilidade considerada elevadíssima, já que o réu escolheu a vítima aleatoriamente, atingindo-a com um tiro certeiro no peito”.

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha já foi condenado por 29 mortes - Alan Marques/Folhapress

Nos julgamentos, a defesa tem usado a tese de semi-imputabilidade, alegando que Rocha tem transtornos mentais.

Advogada do serial killer, Luciana de Almeida disse à Folha que resta a seu cliente buscar a autorização para o matrimônio via judicial, mas que isso não deve ocorrer por enquanto.

“Não foi a Justiça que negou, e sim a direção do presídio com base no regimento interno. Mas no momento ele não tem interesse em recorrer, não vai entrar com pedido na Justiça”, afirmou.

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