Após testes, linha 5 do metrô de SP estreia completa, mas com falta de informação

Ramal que parte do Capão Redondo ainda tem mapas desatualizados e passageiros desinformados

Fabrício Lobel
São Paulo

linha 5-lilás do metrô de São Paulo passou a funcionar nesta segunda-feira (15) em horário comercial integral (das 4h40 às 24h), interligando-se às linhas 1-azul e 2-verde. 

Os trens e estações  chegaram a ficar cheios durante o horário de pico da manhã, mas não lotadas, e passaram no teste do primeiro dia útil com a linha interligada. Em parte ajudaram o Dia do Professor, quando escolas não têm aula, e a ainda falta de familiaridade dos passageiros com a nova alternativa de transporte na cidade. 

O problema ficou na falta de informações aos passageiros sobre as novidades do sistema metroviário. Os mapas fixados nas estações e trens da linha 5, por exemplo, ainda estão desatualizados e indicam que este ramal vai apenas até a estação Brooklin, quando, na verdade, os trens avançam por mais seis estações, até a Chácara Klabin, ponto de conexão com a linha 2-verde. 

A estação Eucaliptos, por exemplo, inaugurada no início de março, ainda não aparece no mapa. A estação era o destino da doméstica Ana Maria Macedo, 45, que, na estação Santo Amaro, checava o mapa sem entendê-lo.

Em um dos trens da linha 5, outro mapa antigo foi rasurado à caneta, possivelmente por algum passageiro, para indicar que o ramal do metrô havia sido prolongado e já estava em operação (veja foto na galeria acima). 

As novas estações do sistema da linha 5-lilás, Santa Cruz e Chácara Klabin, sequer tinham mapas. Trens das linhas 1-azul e 2-verde  também não indicam a possibilidade de baldeação com a linha 5-lilás. 

A ViaMobilidade, concessionária que administra a linha 5-lilás, disse que deverá trocar os mapas em suas estações nas próximas semanas. Já no restante das estações o Metrô disse que já foram encomendados novos mapas e que esses serão instalados o mais breve possível.

Foram as inaugurações das estações Santa Cruz e Chácara Klabin, no fim setembro, que possibilitaram a conexão da linha 5 às linhas 1-azul e 2-verde. A abertura das estações fez parte da agenda do governador Márcio França (PSB), candidato à reeleição e que agora enfrenta o tucano João Doria no segundo turno da disputa.

Com as novas estações, novos fluxos de pessoas serão criados. O acesso dos moradores dos bairros de Capão Redondo, Jardim São Luís e Santo Amaro, por exemplo, será facilitado aos bairros do centro e à avenida Paulista. Esse novo trajeto do metrô permite também a redução de passageiros na linha 9-esmeralda, da CPTM (sistema de trens), que anda paralela ao rio e à marginal Pinheiros, e na linha 4-amarela, no que é atualmente o caminho mais fácil do morador do extremo da zona sul à região central. 

Em obras há 20 anos e com previsão de entrega para 2014, a linha 5 não está concluída. Ainda resta no meio do caminho a estação Campo Belo, com término marcado apenas para o final deste ano. Quando estiver pronta, a linha 5-lilás terá a capacidade para transportar até 800 mil passageiros ao dia, segundo estimativa da concessionária ViaMobilidade

Veja mapa completo da rede no site do Metrô.

Viagem mais rápida

Apesar das falhas na sinalização, passageiros elogiaram na manhã desta segunda-feira a conexão da linha 5 com o restante da malha metroviária. 

Na estação Santa Cruz, o engenheiro de sistemas Elton de Souza, 35, comemorou ao fazer a baldeação da linha 1-azul para a 5-lilás. "Esperei uma vida por isso aqui".

Morador próximo à estação Conceição, na zona sul, Elton costumava demorar 1 hora e 20 minutos e fazer três baldeações para chegar ao trabalho, no shopping Morumbi. Agora, espera fazer a viagem em, no máximo, 40 minutos. Sem saber que a linha 5-lilás já estaria funcionando em horário comercial nesta segunda-feira, Elton disse que chegaria mais de meia hora adiantado no trabalho. 

A auxiliar técnica Rosane Villas-Boas, 44, espera cortar pela metade as 3 horas entre sua casa em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e o trabalho, no Sacomã. "Vou aproveitar esse tempo para entrar na academia", disse.

A conexão da linha 5-lilás com o restante da malha metroviária era aguardada por moradores do extremo sul da cidade de São Paulo, que passaram a ter seu acesso facilitado à região central e à avenida Paulista.

A linha 5-lilás foi prometida para 2014, mas teve sucessivos atrasos. As obras foram iniciadas em 1998, ainda no governo do tucano Mário Covas. A inauguração das primeiras seis estações, num percurso de 9,4 km, ocorreu em 2002. Mas a operação comercial só se tornou plena (todos os dias e em horário estendido) em 2008.

Nos primeiros anos, a linha sofreu com a baixa adesão, já que ficava distante de outras estações do metrô. A ociosidade chegou a custar R$ 2,8 milhões ao mês à companhia (diferença entre a arrecadação e a manutenção do trecho).

Em 2010, mais um tropeço no histórico da linha: uma reportagem da Folha mostrou que as empresas que venceriam os lotes para a segunda etapa do ramal (entre as estações Largo Treze e Chácara Klabin) já eram conhecidas seis meses antes da licitação.

A reportagem causou a suspensão da licitação e a abertura de investigações pelo Ministério Público. O caso segue na Justiça. Em 2011, Alckmin decidiu avançar as obras com os contratos suspeitos, contrariando recomendação da Promotoria.

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