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Com legião de fãs em São Paulo, Fusca antigo tem preço de carro novo

Modelo é líder entre colecionadores do estado; valor chega a R$ 100 mil

Adilson Peres e o filho Rodrigo Peres em um fusca.
Adilson Peres, 67 anos e o filho, Rodrigo Peres. - Jardiel Carvalho/Folhapress
Tayguara Ribeiro
São Paulo | Agora

Concebido para ser um carro popular e associado, muitas vezes, com baixos valores de compra e revenda, um Fusca de colecionador pode chegar a custar mais de R$ 100 mil. O valor depende do ano de fabricação (quanto mais antigo, mais caro) e da conservação do veículo.

“Os fuscas da década de 1950 têm um valor muito grande aqui no país, porque foram os primeiros a serem fabricados e enviados para o Brasil. Em perfeitas condições, com motor restaurado, chegam a custar R$ 120 mil. Os modelos de 1986, quando a Volkswagen encerrou a fabricação pela primeira vez, e de 1996, quando a empresa encerrou de novo após a retomada [em 93], devem valer uns R$ 40 mil, porque são os últimos de série”, avalia Ervin Moretti, 64 anos, presidente do Clube do Fusca do Brasil e engenheiro aposentado.

No entanto, ele alerta que, quanto mais antiga a versão, mais difícil a manutenção. Os altos valores de revenda estão relacionados à colocação de peças originais. 

“Dependendo do ano, as peças são muito difíceis de serem achadas. Muita gente põe peças paralelas, boas, mas não originais de fábrica. Por exemplo, uma lanterna de freio traseira custa uns R$ 60 [paralela], mais ou menos, enquanto uma produzida pela Volkswagen pode chegar a R$ 800”, explica.

Poucos carros, até hoje, despertam uma identificação tão forte com seus proprietários. Justamente por isso, o fusca é o preferido dos aficionados por veículos antigos. Segundo dados do Detran-SP, o Fusca é o carro com a maior quantidade de placas pretas (de colecionador) no estado, com 6.430 unidades. Ao todo, existem 827.234 fuscas em São Paulo.

Um destes apaixonados é Wander Damiani, 44. O publicitário possui quatro destes veículos. “Eu já pesquisei sobre os valores, só por curiosidade, porque não tenho intenção de vendê-los. Já vi alguns carros com preço de venda de R$ 90 mil, mas eu nunca me interessei [em botar a venda], apesar de saber que o valor dele [antigo e bem conservado] é bem alto”, relata.

Uma das razões atribuídas à popularidade do carro é a resistência do veículo e a facilidade de manutenção.

“Na minha lua de mel eu estava indo de Fusca para o litoral. No caminho quebrou o cabo de aço do acelerador. Eu peguei um arame, passei por fora e, pela janela, com a mão, ia acelerando, e com o pé trocando a marcha. Você não fica na estrada com um fusca, qualquer arame resolve. Com um carro destes novos você fica na mão”, conta Adilson Peres, 67, metalúrgico aposentado.

Ele já teve 15 fuscas. Atualmente, tem um modelo 76. “Todo o ano eu ia para o Mato Grosso para pescar e para ver alguns parentes que tenho por lá. É um carro que não dá problema e, quando dá, as peças são simples. Agora eu tenho um Gol também, mas continuo com o Fusca porque se der problema no outro carro ele garante. Minha confiança é 100%”, explica Adilson, que passou o gosto por carros antigos para o filho Rodrigo.

Wander Damiani herdou sua paixão pelo fusca do seu pai, Oswaldo, 75, funileiro e pintor aposentado, há 40 anos proprietário de um fusca 1965. “Acho que isso tem muito a ver com a oficina dele. Desde de pequeno eu ficava por lá. A gente tem muitas histórias”.

Dos quatro carros que eles possuem juntos, dois estão com Wander, no bairro de Granja Julieta, e os outros dois na casa de Oswaldo, no Belenzinho, zona leste da capital. “[Faz muita diferença] tanto para o meu pai como para mim o amor que o fusca desperta. Não gostamos de carro ‘mexido’, gostamos de carro original e isso despertou ainda mais interesse. Fomos curtindo, sempre olhando, sempre cuidando do carro.”

Este carinho pelo fusca que Wander ganhou do pai ele já sente também em seu filho. “Tenho um menino de 2 anos que vai sempre comigo e já está gostando”, conta.

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