Juiz manda fechar aeroporto por 20 dias em SP após suspeita de ação do PCC

PM faz megaoperação no extremo oeste de SP com uso da Rota e de helicópteros

Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo
Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo - Divulgação/Governo do Estado de SP
Rogério Pagnan
São Paulo

​A Justiça determinou o bloqueio do aeroporto do município de Presidente Venceslau, no extremo oeste do estado de São Paulo, após informações sobre um possível plano de resgaste de integrantes da cúpula da facção criminosa PCC. Presídios com chefes do bando ficam na cidade.

Segundo despacho do juiz Gabriel Medeiros, a ordem à prefeitura para o fechamento imediato do aeroporto municipal vale pelo prazo inicial de 20 dias. "Há enorme preocupação com o aeroporto municipal, pois [fica] muito próximo ao estabelecimento prisional, permitindo logística para atuação de referida organização criminosa", diz despacho do juiz desta quarta (10). 

"A medida se mostra absolutamente necessária, pois evitará problemática maior", finaliza.

O magistrado é responsável pela penitenciária 2 de Venceslau, onde estão os principais chefes da facção, entre eles Marco Camacho, o Marcola, apontado pela polícia e pela Promotoria como o número 1 do grupo e um dos possíveis alvos do plano de resgate.

A ordem do magistrado coincide com uma megaoperação da Polícia Militar realizada nesta quarta (10) na cidade e região, com emprego de grupos de elite da corporação, como Rota, Coe e grupamento aéreo Águia (há ao menos duas aeronaves sobrevoando a cidade). Estima-se em cerca de 150 policiais empregados nesta ação apenas desses grupos especiais, fora o contingente da região.

Também foi enviado para lá um veículo blindado, o Guardião, utilizado pela tropa de Choque de São Paulo para transporte de 24 policiais e utilizado em ações de possível confronto.

Procurado, o governo paulista, hoje sob o comando de Márcio França (PSB), candidato à reeleição, afirma que as ações se tratam apenas de operação de rotina.

A Folha apurou, porém, que tal efetivo foi enviado para lá depois que setores de inteligência da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) detectaram tal plano. Essa informação foi repassada pelo secretário Lourival Gomes (Penitenciária) ao secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, que determinou o envio das tropas, sem não tem prazo para deixar à região.

Pelas informações detectadas, os presos planejam uma rebelião nos presídios da cidade, quando, ao mesmo tempo, criminosos do lado externo tentariam romper os muros da penitenciária.

Em junho deste ano, os setores de inteligência da PM e da SAP já tinham detectado um outro plano de resgate de integrantes do PCC nessa mesma unidade prisional, este atribuído ao preso Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, um dos chefes do PCC presos em Venceslau.

Neste plano, a ideia dos criminosos era usar um caminhão guincho, grande e pesado, preparado com chapas de aço. A proteção serviria para resistir a tiros da polícia e, ao mesmo tempo, ajudar a derrubar os muros da prisão. O veículo também teria janelas para tiros contra as forças de segurança.

desenho de caminhão blindado que PCC pretendia usar para derrubar muro de prisão e resgate chefões do bando
desenho de caminhão blindado que PCC pretendia usar para derrubar muro de prisão e resgate chefões do bando - Polícia Militar de SP

Também em 2014, o governo paulista também detectou suposto plano de resgate de Marcola e mais três comparsas. Os criminosos planejavam utilizar dois helicópteros blindados, camuflados com as cores das aeronaves da Polícia Militar, para pousar no presídio com uma cesta de resgate.

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