Zuleika era tão calma, tão tranquila, que chegava a irritar, como dizia a irmã, Dirce. De fato, ela se notabilizava pela serenidade.
Quando o marido Miguel Angelo perdia a compostura com as travessuras dos filhos —eram seis—, ela logo dizia, sem se alterar: "Não adianta gritar. Senta lá e conversa".
Uma vez, quando os meninos voltaram para casa da pelada carregando cana de origem desconhecida, Miguel já foi logo tirando a cinta. Ela intercedeu. "Você não vai bater nas crianças. Vai devolver a cana." E lá se foram os cinco para devolver os pés, acompanhados de perto pelo pai,como conta a primogênita do casal, Maria Zuleika.
Zuleika trabalhou décadas nos Correios como escriturária. Miguel também teve seu emprego formal, mas foi maestro estudado em conservatório e compunha canções para piano. Um dos passatempos preferidos dela era cantar as músicas que o marido criava. Ela, que gostava muito de ler, tentava encaixar poesias nas melodias de Miguel.
Mais recentemente, adotou como passatempo a pintura de desenhos com lápis de cor.
A leveza com que vivia talvez tenha sido um dos segredos para a sua longevidade. Viveu até os 104, sem precisar de tratamento com remédios.
Não que viver mais de um século não tenha seus percalços. Ao longo da vida, Zuleika perdeu três filhos, um deles precocemente, em acidente, o marido com quem ficou por 46 anos, e até neto.
Quando o filho morreu, Miguel escreveu: "Um dia, eu, sua mãe e seus irmãos todos nos reuniremos para integrar nossa família espiritual".
Morreu no último dia 21. Deixa os filhos Maria Zuleika, Miguel e Mario Silvio, quatro noras, 11 netos, 12 bisnetos e dois trinetos.
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