Em 1988, Shirley foi a primeira mulher eleita a representar Monte Alto, no interior paulista, como vereadora. Nos 30 anos que se seguiram, foi reeleita para a Câmara da chamada Cidade Sonho outras quatro vezes consecutivas. Em três disputas municipais, foi ela a recordista: mais votada entre os candidatos.
Shirley se dividia entre os cinco mandatos legislativos e o trabalho voluntário no Hospital de Câncer de Barretos —hoje, Hospital de Amor— no município vizinho, a uma hora dali. Após décadas de dedicação à instituição, da qual se tornou representante benemérita, ganhou até uma sala com seu nome.
Num evento solidário no início da década de 1990, conheceu os cantores sertanejos Daniel e João Paulo. Pouco depois ela traria a dupla de volta àquelas bandas para cantar, desta vez na festa da menina Izildinha —uma criança portuguesa a quem atribui-se milagres e curas (seu corpo foi trazido de Portugal para um mausoléu em Monte Alto).
Religiosos, os cantores foram levados por Shirley até o local sagrado. Ouviram dela que Izildinha, também conhecida como anjo do senhor, traria sucesso aos dois. Viraram devotos e voltaram a visitar a menina outras vezes, em meio à decolagem da carreira.
Quando Daniel não podia ir até a milagreira, Shirley levava de Brotas (cidade natal do cantor) um bilhete para deixar no mausoléu, agradecendo pelo sucesso e proteção.
A vereadora do PTB ganhou um quarto na casa do amigo artista, de quem não desgrudou desde então —acompanhava sempre os shows pelas cidades do interior e ganhava as fitas K-7 com as faixas ainda inéditas. Era também madrinha de outros famosos da música sertaneja, como Leandro e Leonardo.
Shirley nasceu em Pitangueiras (SP) e vivia, nos últimos anos, em Ribeirão Preto . Mas, mesmo já doente, encontrou forças para uma última visita à cidade que a acolheu e que, por décadas, representou. Fazia questão de se dizer monte-altense.
A ex-vereadora morreu no dia 10 de outubro, aos 75 anos, por complicações de uma infecção pulmonar. Deixou três filhas, três netos e um bisneto.
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