Descrição de chapéu Obituário Therezinha Fram (1932 - 2018)

Mortes: Professora, revolucionou ensino durante a ditadura

Reunia jovens da periferia e dirigiu colégio com práticas poucos convencionais

Thaiza Pauluze
São Paulo

Difícil enumerar o vasto currículo da professora Therezinha Fram. Mas talvez baste dizer que ela estava a frente do Grupo Experimental da Lapa, em São Paulo. Em plena ditadura militar, o colégio era uma nova forma de pensar educação e um polo de práticas poucos convencionais de aprendizagem.

Exigia coragem impor aulas de canto, artes cênicas e a céu aberto com envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos.

Na foto, da esq. para dir., Therezinha, Vera Lucia, a então Consulesa da Índia e a assessora da Therezinha na Secretária da Educação
Na foto, da esq. para dir.: Therezinha, Vera Lucia (sua prima), Abilach Josth (então Consulesa da Índia), e Dorilda Aparecida (assessora da professora na Secretária da Educação) - Arquivo Pessoal

Ou dizer que ela, moça nascida no seio da classe média paulistana, formada em pedagogia pela Pontifica Universidade Católica, reunia jovens da periferia para fazer atividades culturais. Os que anos depois ligariam para agradecer, conta a prima da professora, Vera Lucia Real. "Dona Therezinha, estou hoje neste emprego devido a formação que a sra. me deu", diziam.

A educadora e psicóloga, especialista em políticas sociais, foi Secretária do Estado e do Município de São Paulo na área de Família e Bem-Estar Social. Também membro da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos, da Fundação Abrinq e do Instituto para Promoção da Equidade.

Therezinha também não perdia um concerto da Sala São Paulo, no centro da capital, revezando entre espetáculos de música clássica e de balé. Mantinha coleção invejável de CDs e DVDs, daqui ou de algum dos países que visitou. Ela conheceu quase todos.

O pai agrônomo, especialista em café e orquídeas, lhe deu o mesmo gosto, que ela cultivava num sítio em Valinhos, no interior paulista, e no orquidário que mantinha em casa, nos Jardins, na zona sul. 

Também nutria adoração pelos parques da cidade, em especial o Ibirapuera, bem pertinho dali. Sonhava em criar um projeto —mais um dos seus vários— de atividades para crianças e jovens em contato com a natureza, replicado por vários cantos da cidade. 

Não deu tempo. Therezinha morreu no dia 21 de setembro aos 86, por complicação de uma erisipela na perna. Deixou dois primos, Vera Lucia e Alberto Alves, amigos e alunos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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