Conhecido como Barba, Luiz Carlos teve infância simples em Ferraz de Vasconcelos (SP) com mais três irmãos. Como tantos outros na década de 1960, gostava de brincar na rua, jogar bola e não obedecer aos pais.
Até adulto, ele continuou a ser o espírito livre do moleque interiorano. Com a fala sempre mansa, não deixava de fazer o que queria, quando queria, conta sua esposa, Regina, com quem viveu 40 anos.
Desde que começou a trabalhar, Barba mexeu com tipografia, comandou impressoras offset e viajou o Brasil distribuindo listas telefônicas. Mesmo quando criou sua pequena distribuidora e tinha uma equipe para rodar o país, ele continuou viajando. O roteiro ia do norte do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul.
Entre as viagens e mudanças de trabalho, o constante em sua vida era Regina. Morador do bairro do Belém, na zona leste da capital paulista, o casal teve dois filhos e costumava estudar junto. Os interesses que compartilhavam iam de flores, especialmente orquídeas, ao comportamento animal.
Em 2009, Luiz Carlos virou auxiliar no ponto de táxi da rua Joaquim Antunes, em Pinheiros, na zona oeste.
Em pouco tempo, organizava não só o ponto, mas também compartilhava as novidades do bairro entre os moradores e comerciantes. Era convidado a opinar sobre os quitutes dos novos estabelecimentos da região e ainda dava um jeito de resgatar os animais que encontrava abandonados e arranjar novos lares.
No último 7 de setembro, um dia depois de Regina perder a mãe, Barba a levou a uma exposição de orquídeas em Poá (na região metropolitana) para se distraírem. Foi o último passeio dos dois: logo antes de voltarem para São Paulo, Luiz Carlos teve um infarto fulminante.
Ele completaria 60 anos no dia 26 de setembro. No cemitério da Vila Alpina, onde foi enterrado, a família pediu para o jardineiro plantar as flores de que gostava. "Tudo muito simples, do jeito que ele era", diz a esposa. Luiz Carlos deixa dois filhos, Filipe e Fernando, e quatro netos.
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