Descrição de chapéu Obituário Wilhelm Stozek (1931 - 2018)

Mortes: Voltou ao Brasil após viver na Alemanha da 2ª Guerra

Deixou as lembranças de granadas para trás e constituiu família numerosa no país tropical

Thaiza Pauluze
São Paulo

Os pais alemães, já com duas filhas, vieram ao Brasil por instabilidades daquela Europa pós-Primeira Guerra. Aqui, tiveram Wilhelm, ou só Willy, em Itaquera, na zona leste da capital paulista. O menino, no entanto, voltou com a família para a Alemanha com apenas 7 anos. Sua avó estava doente e morreu pouco depois. Foi quando também estourou a 2ª Guerra Mundial.

Lá, acabou afastado dos pais. As crianças eram levadas para a casa de outras famílias na Baviera e Holanda —uma tentativa de afastá-las do conflito. Mais tarde, contaria que as bombas não ficaram tão distantes assim.

Tinha lembrança de correr e se esconder de ataques e de achar granadas em plantações de cenoura e beterraba. Certa vez, numa longa viagem de trem que a família foi forçada a fazer, o pai chegou a lhe dar um gole de bebida alcoólica no desespero de aquecer o filho no rigoroso inverno.

Com 17 anos e o fim da guerra, a família embarcou no navio Lloyd Brasileiro, onde rumou por dois meses, novamente às terras tupiniquins. Nessa época, Willy passou a ajudar o pai, açougueiro. Logo começaria a trabalhar com mecânica em empresas alemãs em São Paulo. Mais tarde, abriria a própria fábrica de máquinas de grande porte. 

Em 1953, se casou também com uma filha de alemães nascida brasileira. Formou família numerosa no país e reunia vários dos seus todo fim de semana, para saborear os pratos típicos das bandas de lá, escutar polka e beber cerveja.

Há uns anos, Opa Willy (avô Willy, como era chamado) ganhou um computador. Gostava de ficar no Facebook mandando mensagem aos netos e primos estrangeiros. Nos últimos meses, planejava uma festa para comemorar os 65 anos de casado. Também sonhava voltar ao país europeu de suas raízes.

Willy morreu na terça-feira, 16 de outubro, por complicações de uma pneumonia, aos 87 anos. Deixou a esposa, Hildegard Ingeburg Muller Stozek, quatro filhos, Rosmarie, Renato, Roberto e Willy, 11 netos e 10 bisnetos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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