Descrição de chapéu Agora

PM é baleado com a própria arma após briga de trânsito na Grande SP; veja vídeo

Policial está internado em estado grave; criminosos são presos em Franco da Rocha

Homens acuam policial em Franco da Rocha
Homens acuam policial em Franco da Rocha - Reprodução
Alfedro Henrique Rogério Pagnan
São Paulo

Um policial militar de 36 anos está internado em estado grave após ter sido baleado na cabeça neste sábado (13) durante uma discussão de trânsito em Franco da Rocha, na Grande São Paulo.

O disparo foi feito com a própria arma do PM, o soldado Robson dos Santos Gomes, que estava de folga, em trajes civis, dirigindo o próprio carro na periferia da cidade.

Segundo a polícia, após uma discussão de trânsito, Gomes foi rendido por cinco homens que estavam na contramão. O soldado teria descido do carro para reclamar e, na confusão, um dos homens tomou-lhe a arma, partiu para a agressão e, na sequência, atirou quando o PM já estava de costas.

O policial trabalha em Franco da Rocha, e a polícia ainda investiga as circunstâncias do crime para saber se elas se limitam à discussão de trânsito ou se podem estar ligadas também ao trabalho do PM.

Segundo o sargento da PM Geraldo Costa, um homem de 36 anos, suspeito de atirar contra o soldado, e outro de 27 foram presos na madrugada de sábado, na rodoviária de Franco da Rocha. 

“Antes de irem para lá, comemoravam em um bar a morte do soldado, pois não sabiam que sobreviveu”, afirmou Costa. 

Outros três homens foram detidos em Francisco Morato, na Grande SP, onde o carro usado no crime foi encontrado. O suspeito de efetuar o disparo tem passagem na polícia por homicídio. 

A arma do PM foi recuperada.

O coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva, afirmou “não ser feio” policiais fugirem em situações de risco. Disse, contudo, que, por Gomes estar em perigo, seria recomendado que atirasse para não ser desarmado. 

O policial Gomes agora faz parte de uma triste estatística no estado de São Paulo. Publicado em maio passado, levantamento inédito feito pela Folha com base em relatórios sigilosos da PM de São Paulo mostra que, de cada dez ataques a policiais, em nove eles acabam feridos ou mortos. A maioria em roubos, envolvendo soldados.

Os dados mostram ainda que em cerca de 23% dos crimes, além de atacar o policial, os bandidos ainda levam a arma dele. E há episódios em que o PM é morto com a própria pistola, aquela que carregava para se proteger —isso ocorreu em 4% dos casos.

Esses números são resultado de análise feita pela Folha em 491 relatórios de PMs vítimas, documentos elaborados de 2006 a 2013 por equipes da Corregedoria da PM especializadas em investigar ataques desse tipo no estado.

Segundo os dados, desses 491 policiais com registro de violência, 218 foram mortos e 233 ficaram feridos —sendo ao menos 81 deles atingidos na cabeça por tiro ou paulada. No total, só 40 saíram ilesos, o equivalente a 8% do total.

Os documentos descrevem as circunstâncias em que os crimes se deram, as primeiras informações sobre o estado de saúde do policial militar e o destino do criminoso.

Essas apurações são abertas quando o PM é atacado e figura na condição de vítima, como em casos de roubos ou assassinatos, além de tentativas desses dois crimes.

Não entraria nessa lista, portanto, o caso da PM Katia da Silva Sastre que baleou e matou um criminoso na porta da escola da filha, em Suzano, na Grande São Paulo, em maio passado, já que ela não era o alvo do crime e interveio ali de surpresa como policial. Katia foi eleita agora deputada federal.

Parte dos relatórios da Corregedoria da PM analisados pela Folha foi redigida pelo sargento Maurício dos Santos, 49. Ele se aposentou no ano passado, após 28 anos de corporação, sendo 26 deles no setor de PMs vítimas, e participou de centenas de apurações de policiais atacados —inclusive de um colega que trabalhava nessa mesma equipe.

Maurício afirma que os resultados do levantamento refletem aquilo que ele presenciou ao longo dos anos. Por isso, ele passou a defender o desarmamento de policiais nos horários de folga. Para ele, essa medida reduziria a quantidade de mortes especialmente nos roubos. Nesses casos, o bandido geralmente já chega com arma em punho, não dá chance de o policial reagir e atira assim que encontra o armamento.

“Se for pego com a arma, vai morrer. O crime não perdoa”, afirma Maurício. Nessas quase três décadas, ele diz não se lembrar de nenhum caso de alguém que tenha sido poupado pelos criminosos após ser identificado como PM.

Com Agora

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.