Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Promotoria identifica biotipo de assassino de Marielle e trajeto de carro após crime

Não foram dados detalhes, no entanto, de como é o criminoso

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Marcela Lemos
Rio de Janeiro | UOL

O Ministério Público do Rio de Janeiro, por meio da 23ª Promotoria de Investigação Penal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, disse ter identificado o biotipo do assassino da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes. De acordo com a Promotoria, as investigações também apontaram os locais por onde o carro dos criminosos circulou após o crime.

"Esse mapeamento [dos locais por onde o carro passou] representa outro grande avanço para a continuidade das investigações", disse a promotoria, por meio de nota.

O Ministério Público não deu detalhes sobre o biotipo do criminoso ou de como a sua identificação ocorreu. O perfil foi identificado pela Divisão de Evidência Digitais e Tecnologia da Coordenadoria de Segurança e Inteligência da Promotoria por meio de softwares de alta tecnologia.

As novidades do caso foram apresentadas aos pais de Marielle na terça-feira (9). A viúva da ex-vereadora também foi convidada para a reunião, mas não compareceu.

Os promotores que atuam no caso também estiveram no Presídio Federal de Mossoró (RN) para ouvir o detento Orlando Curicica, apontado como mandante do crime por uma testemunha ouvida pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil, no mês de maio.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também remeteu ao Ministério Público do Rio o depoimento prestado por Curicica aos procuradores da República. O conteúdo dos depoimentos é mantido em sigilo para não atrapalhar o andamento das investigações.

Em setembro, o general Richard Nunes, que está desde fevereiro à frente da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, disse em entrevista à Agência Brasil que há a possibilidade de terminar o ano sem a elucidação dos assassinatos.

"Eu sempre falei com essa cautela. Eu nunca fiquei dizendo negócio de data. Existe a possibilidade de fechar? Existe. E existe a possibilidade de a gente ter um pouco mais de dificuldade e levar um pouco mais de tempo", disse, na ocasião.

ATAQUE

Antes de ser atacada a tiros naquele 14 de março, Marielle participava de um encontro de mulheres negras na Casa das Pretas, espaço na Lapa, região central do Rio. Imagens de câmeras de segurança mostram que dois carros estacionaram na rua.

Quando ela saiu da casa e o carro onde estava deu partida, os dois carros trocaram sinais de alerta e a seguiram. Um dos ocupantes então atirou na direção da parlamentar, e o carro fugiu. 

Marielle estava no banco de trás de um Chevrolet Agile branco com sua assessora, que sofreu ferimentos leves. Na frente, estava seu motorista, Anderson Pedro Gomes, que também morreu. Ao todo, foram 13 tiros.

O caso teve repercussão internacional e entrou na pauta da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos).

A morte de Marielle ocorreu em meio à intervenção federal na segurança pública do estado. Na prática, com isso, a investigação está sob a responsabilidade do governo Michel Temer (MDB), que decretou em fevereiro a intervenção e escalou um general do Exército para o comando da inédita medida. Polícia Militar e Polícia Civil respondem diretamente aos interventores.

Enquanto isso, o apoio dos moradores da cidade do Rio de Janeiro à presença do Exército vem caindo nos últimos dez meses, mas ainda é majoritário. O índice dos que são a favor da convocação dos militares diminuiu de 76%, em março, para os atuais 66%, enquanto aqueles que são contrários passaram de 20% para 27%.

Desde outubro, quando o Datafolha fez essa pergunta pela primeira vez, a aprovação às Forças Armadas na capital fluminense já perdeu 17 pontos —naquele mês, eram 83% favoráveis ao emprego de militares para combater a violência no Rio.

Apesar disso, a maioria da população do Rio pede a prorrogação da intervenção federal na segurança pública, prevista para acabar em 31 de dezembro deste ano. 

Desde o início, a principal linha de investigação é a de motivação política. Diferentes vereadores prestaram depoimento na condição de testemunha, entre eles, um indiciado na CPI das Milícias, concluída em 2008, na qual Marielle trabalhou.

A assessora de Marielle, que estava no carro no momento do ataque, saiu do país com o marido por medo de represálias. Marielle tinha como causa o avanço dos direitos das mulheres, principalmente as negras. Trabalhou na Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), onde atendia vítimas de grupos criminosos e de violência policial. Também ajudava famílias de policiais assassinados.

Com frequência denunciava abusos cometidos por policiais em favelas. Dias antes de morrer, criticou o 41º Batalhão da Polícia Militar, o mais letal do Rio.

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