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Retomada de obras paradas em CEUs têm ritmo lento na zona leste de SP

Prefeitura diz que as 12 obras contarão com um investimento total de R$ 456 milhões

Gustavo Basso
São Paulo | Agora

Obras de CEUs (Centros de Educação Unificadas) na zona leste de São Paulo são conduzidas a passos lentos, apesar do anúncio de retomada feito pela gestão Bruno Covas (PSDB) no último dia 9 de outubro, logo após o primeiro turno das eleições. A prefeitura disse que reiniciaria as obras de 12 CEUs, paralisadas em 2016, na gestão Fernando Haddad (PT).

A reportagem visitou nesta quinta (18) os canteiros dos futuros CEUs José de Anchieta, em Artur Alvim; Parque do Carmo, na Cidade Líder; e Carrão/Tatuapé, no Tatuapé. O que encontrou foi locais quase vazios, esqueletos de edifícios e pouco ou nenhum movimento de operários.

Segundo a Prefeitura, as 12 obras contarão com um investimento total de R$ 456 milhões, para serem concluídas até 2020. Deste valor, R$ 60 milhões devem ser investidos ainda em 2018.

Em Artur Alvim, os únicos trabalhadores no canteiro de obras eram os três vigias. Grande parte do terreno não é isolado e não possui luz à noite. Com isso, segundo os funcionários, o local é invadido com frequência. Em um canto, acumulam-se dezenas de latas de tinta, massa corrida, material de vedação, entre outros, todos vencidos e à espera de serem retirados.

No CEU Carrão/Tatuapé, blocos de acumulam limo. Na área, um parque desativado com cerca de 50 mil metros quadrados, há o esqueleto de três prédios, e nenhuma obra foi retomada. A única atividade recente, segundo o vigia, foi a instalação de 300 metros de tapumes.

Das três unidades visitadas, havia operários apenas no Parque do Carmo. Dois empregados abriam um buraco ao lado do prédio principal. Segundo um funcionário da área administrativa, as obras recomeçaram na 3ª feira.

“Os pernilongos aqui não respeitam nem calça, gastamos um tubo de inseticida por semana”, reclama a vendedora Marina de Oliveira, 35 anos, que trabalha em um trailer ao lado do futuro CEU Carrão/Tatuapé. Duas piscinas acumulam água da chuva e se tornaram criadouros do inseto. Até Aedes aegypt, mosquito da dengue, é encontrado, dizem.

A 8 km dali, os transtornos ocorrem quando chove forte, como na madrugada de ontem. Sem calçamento, uma enxurrada de lama e pedras desce da obra do futuro CEU José de Anchieta, em Artur Alvim. “A pé não dá pra passar, e já teve carro quebrado pelas pedras”, diz o empresário Rodrigo Kodal, 33, vizinho do canteiro de obras.

A descrença no prazo da gestão Bruno Covas (PSDB) é quase consenso entre vizinhos e funcionários. Em 9 de outubro, foi anunciado que as obras seriam concluídas até 2020. “Se fosse, teriam entregado material de construção, mas não chegou nada”, comenta a vendedora Byanni Cristina, 16, vizinha à unidade de Carrão.

Empregado na obra do parque do Carmo, Rodrigo Sousa, 25, acredita ser possível terminar os 61% inacabados em menos de um ano.

Já Wiris Barbosa, 41, vigia em Artur Alvim, aponta os mais prejudicados com a demora: “A criançada das favelas e da Cohab ao redor fica sem formação e lazer”.

OUTRO LADO

A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, da gestão Bruno Covas (PSDB), encarregada da construção dos CEUs, afirmou que a demora para o retorno pleno das obras se deve a ajustes feitos pelas empresas contratadas.

“As empreiteiras estão tendo que remanejar trabalhadores de outras obras ou contratar novos funcionários. Após a contratação de pessoal, ainda será necessário fazer a recomposição dos canteiros e a limpeza geral para a execução dos trabalhos, etapas comuns de qualquer obra”, disse.

A prefeitura afirmou ainda que os problemas apontados pelos vizinhos dos canteiros de obra serão resolvidos com a retomada dos trabalhos. O prazo de conclusão das obras, de 2020, está mantido, disse.

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