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Camelôs ilegais tomam a Paulista em dias de avenida fechada para carros

Ambulantes irregulares vendem produtos como bebida alcoólica, sempre de olho na fiscalização

Foto aérea de ambulantes na avenida Paulista, região central de São Paulo. Gabriel Cabral/Folhapress

Elaine Granconato
São Paulo | Agora

Ponto de parada de qualquer turista que passa por São Paulo e a queridinha do paulistano, a avenida Paulista, na região central, foi também descoberta pelos ambulantes irregulares aos domingos e feriados, quando os 3 km da via ficam fechados para carros e viram uma área pública de lazer.

A passarela livre para o comércio ambulante clandestino de bebidas alcoólicas, vendidas mesmo para menores de idade e com pagamento em cartões de débito e crédito, é vista aos olhos de todos, inclusive dos fiscais da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão Bruno Covas (PSDB).

A cena é comum a partir das 10h e ganha mais peso depois das 15h, principalmente em dias de calor. Filas se formam ao redor dos carrinhos com caixas de isopor.

Camelô empurrando carrinho com cocos na Avenida Paulista em dia que a via fica fechada para carros. - Rubens Cavallari/Folhapress

“Tem de tudo na Paulista”, disse, desconfiada, uma ambulante, que não quis se identificar e ao mesmo tempo que ficava de olho no rapa. Ela contou que todos os domingos sai de Pirituba (zona norte) para avenida famosa. No carrinho, marcas de cervejas mais caras (uma delas vendida por R$ 8), e água. “Aqui, as pessoas gostam de bebida boa”, diz.

Em outro trecho da avenida, uma ambulante de 33 anos, que disse ser doméstica desempregada, também oferecia bebidas, com preços entre R$ 8 e R$ 10. Indagada se vendia álcool para os menores, ela respondeu: “Eles não mostram o RG, mas a gente não força a compra”.

A poucos metros dela, o marido vendia bebidas, refrigerantes e água. “O carrinho dele tem rodas maiores e dá para correr do rapa”, diz a mulher, que sabe estar ali de forma irregular. “Se eles pegam, não devolvem nada. Nem adianta chorar.”

Churrasco, coco e doces

Além de bebidas, os ambulantes vendem espetinhos de churrasco e linguiça, coco verde, milho, salgadinhos, doces diversos, balas, algodão doce, pipoca e brinquedos espalhados pelo chão da avenida Paulista. Uma única empresa tem oito carrinhos de milho ao longo da avenida, segundo um ambulante. A porção sai por R$ 7.

Há ainda os artesãos regularizados pela Subprefeitura da Sé. “Não acho invasão [os ambulantes]. Imagina ter de se deslocar até o bar”, diz a consultora de moda Francine Cortez, 36 anos, que comprou três cervejas.

Noivos

Marinheiros de primeira viagem na avenida Paulista, a auxiliar administrativa Elisângela Batista, 33 anos, e o conferente Ricardo de Jesus, 36 anos, nem desconfiavam que estavam ali com ação irregular, embora extremamente simpática e criativa.

Os noivos Elisângela Batista, 33 anos, e Ricardo de Jesus, 36 anos, na avenida Paulista; venda de trufas para financiar o casamento - Rubens Cavallari/Folhapress

No domingo passado, os noivos vendiam trufas a R$ 2,50 para juntar grana do casório, marcado para 22 de setembro de 2019. “Jura? Nem sabia que a gente não podia ficar aqui. Achei que era livre”, disse, surpresa, Elisângela. No dia anterior, eles foram a um parque em Mogi das Cruzes (Grande SP). “Nossos amigos nos incentivaram e cada dia vamos para um lugar”, conta a noiva. 

Prefeitura

A Subprefeitura da Sé, sob gestão de Bruno Covas (PSDB), afirmou por nota que as ações para coibir o comércio irregular na avenida Paulista são realizadas, diariamente, por “30 agentes”, divididos em três Kombis e três caminhões. Aos domingos, há o “dobro de servidores e veículos”, além de apoio da PM e da Guarda Civil Metropolitana.

Segundo a prefeitura, nas abordagens, o vendedor que não apresentar TPU (Termo de Permissão de Uso) é multado em R$ 285 e tem os produtos apreendidos. As mercadorias são armazenadas por 30 dias, disse a subprefeitura, e para reavê-las é preciso ter notas ficais.

Em relação à venda de bebidas aos menores de idade, a GCM afirmou que, em caso de flagrante, encaminha o responsável pelo comércio ao distrito policial.

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