Governador de SP descarta transferência de número 1 do PCC para presídio federal

Para França, saída de Marcola de cadeia paulista pode gerar consequências ao estado

Gabriela Sá Pessoa
São Paulo

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), descartou nesta sexta-feira (9) a necessidade de transferência do principal chefe do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para um presídio federal.

Na terça (6), a Folha noticiou que a mudança do líder da facção dividia as forças de Segurança em São Paulo, após a descoberta de um plano de resgate dos comandantes do crime organizado de dentro das penitenciárias do estado.

“Hoje não há [necessidade], pelo menos as forças de Segurança não sentem essa necessidade. Ao fazer um movimento como esse com todo mundo fala que vai [fugir], vamos transferir quantos?”, afirmou o governador.

Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC - Sergio Lima/Folhapress

Para França, a execução penal deve ser endurecida "apenas quando há ato formal de rebeldia, indisciplina. É assim que a lei determina”. E que não se trata de uma decisão administrativa, mas judicial, de competência do juiz responsável pela execução. 

O pessebista também ponderou que a transferência de um detento como Marcola pode gerar consequências para o estado e para as polícias. “Já tivemos experiências assim que de algum jeito produziram reações, não se pode ignorar isso”, afirmou. 

Marcola está preso na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, interior de SP, onde cumpre há quase 20 anos uma pena superior a 300 anos, por uma série roubos, além de crimes ligados ao comando do PCC.

Em meio a ameaças de resgate de Marcola, policiais militares paulistas estão recebendo treinamento desde a semana passada para o uso de armamento de guerra em operação no interior do estado.

Dois tipos de armas são utilizadas nos treinos: metralhadoras calibre .50, que são capazes de derrubar aeronaves, e metralhadoras MAG 7.62, também de grande poder de destruição por funcionar em modo rajada de disparos.

O treinamento da tropa está sendo ministrado por homens do Exército, por determinação do Comando Militar Sudeste, que também cedeu o armamento para ser empregado na operação em Presidente Venceslau, conforme solicitada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Procurado pela Folha, o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, disse não poder dar detalhes da utilização do armamento por fazer parte de informações estratégicas de segurança.

As metralhadoras já estão sendo empregadas no interior paulista desde o final de semana. O número exato dessas armas também não foi informado pelo Exército e nem pela PM, mas estima-se que sejam cerca de dez.

O uso desse tipo de armamento é importante na operação realizada no interior porque, segundo o plano descoberto pelo governo, a facção criminosa teria contratado um grupo de mercenários internacionais para resgatar a cúpula presa em Presidente Venceslau. Para a ação estaria previsto o uso de dois helicópteros de guerra.

Embora descoberto, o plano ainda não teria sido abortado pelos criminosos.

MEDALHA

O governador participou da entrega da medalha Brigadeiro Tobias, a mais alta condecoração da Polícia Militar de São Paulo, a policiais e a personalidades, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, a deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL) e os apresentadores de TV José Luiz Datena (Band) e Luiz Bacci (Record).

Foi o primeiro compromisso de Márcio França desde o segundo turno das eleições, em 28 de outubro. 
Ele afirmou que recebeu em seu gabinete o vice-governador eleito e coordenador da transição, Rodrigo Garcia (DEM), com quem disse ter amizade: “Fizemos juntos o governo Alckmin”.

Também contou que pediu ao governador eleito, João Doria (PSDB), que mantivesse algumas medidas implementadas em sua gestão —não detalhou quais. França afirmou que não ficam rusgas com o adversário, de quem foi aliado até o início da disputa eleitoral, após o resultado das urnas. “Cada um na sua, somos profissionais nas nossas áreas. Ele é profissional de relacionamento e eu, da política. Eleição encerra na eleição.”

Sobre o futuro, o governador disse que a partir de 2 de janeiro, quando deixará o Palácio dos Bandeirantes, voltará a ser avô de seus netos. Afirmou que ainda se recupera de uma pneumonia nos dois pulmões e que precisará se submeter a uma cirurgia de hérnia, descoberta durante o tratamento da doença.

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