Descrição de chapéu Obituário JORGE OLIVEIRA (1952 - 2018)

Mortes: Criador da paradinha funk na Sapucaí, Jorjão viveu pelo Carnaval

Mestre de bateria foi o responsável por inovação marcante na percussão da avenida

Fernanda Canofre
São Paulo

Na apuração do Carnaval de 1997, Viradouro e Mocidade disputavam décimo a décimo o título. As duas eram as escolas do coração de Jorge Oliveira. Uma o havia acolhido. A outra foi fundada por seu pai, seu Orozimbo.

Poucos dias antes, com a escola de Niterói, Jorjão tinha levado à Sapucaí uma das maiores inovações já vistas no Carnaval do Rio de Janeiro: a paradinha funk.

Antes de entrar na avenida, ele havia sido proibido de levar a ideia adiante. Sua mulher, Regilane, olhou para o mestre de bateria: "E agora?". Jorjão, retrucou: "Vou fazer". 

A ousadia rítmica foi a única nota nove da escola e quase custou o primeiro e único título da Viradouro no Grupo Especial. Mas virou também um dos momentos mais icônicos dos desfiles cariocas. A tarde de contagem de votos foi o dia mais feliz da vida de Jorjão. 

A teimosia era uma de suas marcas, assim como o talento. Nascido no Rio, cresceu na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel. Aprendeu a conduzir a bateria com Mestre André e se tornou mestre de muitos outros que vieram depois, como Dudu, titular atual: "Ele deixou uma história na Mocidade e eu tento manter a tradição".

Depois de idas e vindas, Jorjão voltou a entrar com a escola na avenida em 2017 para ganhar mais um campeonato. E voltava a ser mestre de janeiro a janeiro —enquanto a saúde aguentou, seguiu viajando com a Bateria BM10 da Velha Guarda. "O Carnaval foi a vida dele", conta o amigo Zé Bolinho.

No último dia 27, complicações de um AVC levaram Jorjão. O velório virou show da bateria na Quadra da Mocidade. Deixa Regilane, de quem nunca ficou longe apesar da separação, e o filho Jorge. "Sou grata a ele eternamente, porque ele foi um homem muito bom", diz ela.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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