Foi no Natal de 1982 que Elio Maria Lazzarotto se vestiu como Papai Noel pela primeira vez. A barba era falsa, mas a barriga avantajada já era real. Rodeado de 300 crianças, ele se viu diante de seu destino.
O gorro vermelho virou uniforme de trabalho. Nos anos 1990, passou a descolorir a barba preta e a colecionar trajes do bom velhinho. Levou a sério o personagem. Registrou a marca “Papai Noel do Brasil”, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), virou estampa de selos dos Correios e cartões telefônicos.
Logo, ganhou um CEP próprio para receber cartinhas de todo o Brasil. Ao longo dos anos, foram mais 1,5 milhão de correspondências.
Por 30 anos, ele sustentou a família como Papai Noel. Nos eventos, chegava pelos céus, de helicóptero, distribuindo doces, e não saia até atender todas as crianças. Nos outros meses do ano, vivia de palestras motivacionais e chegou a falar em cinco edições do TEDx.
Na infância, Elio não sabia quem era Papai Noel. Na casa de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde cresceu com 9 dos 11 irmãos, a espera era pelo “burrinho” que traria o menino Jesus na noite de Natal. Só na adolescência é que foi conhecer o personagem para o qual dedicou a vida.
A casa dele, na cidade de São Lourenço do Oeste, em Santa Catarina, era atração na época de Natal. Este ano, porém, a esposa Suelânia não colocará decoração no jardim. Elio morreu por um infarto, no dia 27 de novembro, aos 64 anos. Faltando um mês para a data mais importante do ano para a família.
Além da mulher, deixou três filhos. Tatiana, a do meio, conta que o pai sonhava plantar um milhão de árvores. “Não sei se ele conseguiu, mas plantou uma sementinha no coração das pessoas”, diz.
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