Polícia prende 4 em operação contra o tráfico na cracolândia do centro de SP

Foram cumpridos mandados de prisão contra suspeitos e apreensões em hotéis da região

Rogério Pagnan
São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo realizou na manhã desta quarta-feira (28) uma operação de combate ao tráfico de drogas na cracolândia, na região central da capital paulista.

Foram expedidos 12 mandados de prisão temporária contra suspeitos de vender pedras de crack no chamado “fluxo” (área de concentração de dependentes) e sete mandados de busca e apreensão em sete pequenos hotéis da mesma região. A suspeita é que os estabelecimentos sejam utilizados pelo tráfico como entreposto da droga.

Pela manhã, três pessoas foram presas na operação —uma mulher e dois homens. Os nomes de dois deles constavam na lista de suspeitos procurados por mandado. O terceiro foi preso após ser flagrado com celulares furtados e roubados, além de tentar subornar com R$ 900 guardas-civis durante a abordagem.

Um quarto suspeito, também integrante da lista dos 12, foi preso no final da tarde desta quarta por uma equipe da Polícia Militar em uma rua próxima à cracolândia.

As forças de segurança também apreenderam sete quilos de maconha e uma pequena quantidade de crack e cocaína. Também foram apreendidos R$ 1.200 em espécie com um dos suspeitos.

Segundo o delegado Wagner Carrasco, não houve registro de enfrentamentos entre os policiais e os usuários de drogas na cracolândia. 

Batizada de Campos Elíseos 2, a ação vinha sendo articulada havia cerca de oito meses por membros das três instituições ligadas hoje às gestões Márcio França (PSB) e Bruno Covas (PSDB), em desdobramento da megaoperação desencadeada em maio de 2017. Nesse período, outros cinco suspeitos foram presos por ligação com o tráfico de drogas na região, informou a polícia.

As equipes de policiais foram espalhadas pelas ruas Barão de Piracicaba, Largo Coração de Jesus e rua do Triunfo, onde funcionam esses hotéis. Não houve remoção de usuários na ação desta manhã, como ocorrido no ano passado.

Participaram da operação cerca de 300 homens da Polícia Civil (Denarc), da Polícia Militar e, ainda, equipes de operações especiais da Guarda Civil Metropolitana, com a utilização do canil.

Essas equipes da PM e GCM isolaram o chamado "fluxo" para evitar que os dependentes químicos tentassem atacar os policiais civis. "Para acalmá-los, explicamos aos usuários que não era com eles [o problema]. Estão sabendo que a operação não é com eles", disse o tenente-coronel Miguel Elias Daffara.

Em 2017, além da ação policial com mais de 70 traficantes como alvo, a prefeitura, sob João Doria (PSDB), e o governo de São Paulo, então a cargo de Geraldo Alckmin (PSDB), realizaram um trabalho para desobstrução de ruas, como a Dino Bueno, então tomada por usuários e traficantes.

Havia barracas montadas exclusivamente para venda da droga, que aceitavam pagamento até como maquininhas de cartão. Equipes da prefeitura eram proibidas de acessar o "fluxo".

Atualmente, segundo policiais que participaram da operação, o número de usuários estaria reduzido para metade do que era antes. Também não há mais barracas para o comércio de drogas. As vendas do crack ocorrem de maneira mais precária, sob guarda-chuvas. 

Parte dos dependentes que ficavam no local naquela época, porém, acabou dispersando pelo centro e para outros bairros da cidade. 

​Os alvos dos mandados de prisão desta quarta, entre homens e mulheres, foram filmados ao longo da investigação vendendo droga. Já os hotéis foram escolhidos porque esses mesmos traficantes foram vistos entrando nesses locais com as mãos vazias e, na sequência, saindo com saquinhos.

Policiais ouvidos pela Folha afirmaram que a intenção dos responsáveis pela operação era evitar confrontos com usuários. Também foi escolhido um horário para tentar evitar transtornos no trânsito na região central.

Pela Polícia Civil participaram da operação os delegados Wagner Carrasco e Carlos Battista. Pela PM, o comandante na região, o tenente-coronel Miguel Elias Daffara. Pela guarda, o comandante Carlos Alexandre Braga. 

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