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Achei que fosse brincadeira de criança, diz baleado na catedral de Campinas

Homem atirou a esmo e matou cinco pessoas em igreja na última terça-feira

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Campinas | Agora

O engenheiro civil Ludar Brognoni, 64, é um dos sobreviventes do ataque a tiros na catedral de Campinas (SP), nesta terça-feira (11). Ele havia ido à catedral para rezar quando ouviu os dois primeiros disparos. Pensou, em princípio, que fossem bombinhas, mas foi baleado na mão e no braço. 

O engenheiro Ludar Brognoni, 64, que sobreviveu ao tiroteio em Campinas (SP) - Alfredo Henrique/Folhapress

Os disparos, feitos pelo analista de sistemas Euler Fernando Grandolpho, 49, mataram cinco pessoas e feriram outras três —depois que policiais militares entraram no local, o atirador se matou. 

“Achei que era brincadeira de criança, mas quando me dei conta era ele [atirador], que estava uns seis o oito metros de mim, aí começou meu desespero”, afirma Brognoni.

O engenheiro conta que pegou a carteira com a mão esquerda e correu. “Mas tropecei em outro senhor e caí no chão”, diz.

Foi baleado, mas não sentiu nada. “Quando me levantei, senti um calor na mão e vi que estava sangrando. Minha carteira também estava furada”, disse, mostrando cartões quebrados e a carteira perfurada por um dos tiros.

A mulher do engenheiro, a vendedora Zélia Brognoni, 53, pensou que iria reviver uma tragédia, ocorrida há 29 anos “Fiquei viúva, há 29 anos, justamente em 11 de dezembro, quando meu antigo marido morreu em um acidente de carro.”

A Catedral de Nossa Senhora da Conceição fica na principal área comercial da cidade, próxima à rua Treze de Maio. Os tiros foram disparados após a missa das 12h15, que é realizada no mesmo horário todos os dias. 

Também atingidos pelo atirador, José Eudes Gonzaga Ferreira, 68, Eupidio Alves Coutinho, 67, Sidnei Vitor Monteiro, 39, e Cristofer Gonçalves dos Santos, 38, não resistiram aos ferimentos e morreram no local. Levado para o hospital, Heleno Severo Alves, 84, morreu um dia depois.  

O ataque reacendeu um debate em alta no país sobre a ampliação do porte e da posse de armas, uma das principais bandeiras do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Euler Grandolpho portava uma pistola 9 mm e mais um revólver calibre 38 –as duas com as suas numerações raspadas. A motivação do crime ainda é desconhecida.

De acordo com o delegado José Henrique Ventura, de Campinas, o atirador não tinha passagens pela polícia. Nos dois únicos boletins de ocorrência registrados com seu nome ele aparece como vítima.

A Polícia Civil apreendeu papeis, documentos, cartas e um notebook na casa de Grandolpho. O delegado diz que a família o descreveu como uma pessoa retraída e de pouca conversa. Os familiares disseram não ter conhecimento de qualquer arma e que temiam que ele se suicidasse. O atirador não trabalhava desde 2014 e morava com o pai desde a morte da mãe.

Entre os objetos apreendidos está um diário, em que Euler escreve sobre perseguição, uma suposta vigilância em sua casa e cita o massacre de Realengo, no Rio.

Por amigos, Euler é descrito como um homem de família católica e que sofria havia vários anos com depressão. De acordo com uma amiga de infância que preferiu não se identificar, há cerca de quatro anos Euler ouvia vozes, tinha alucinações e foi diagnosticado com esquizofrenia, além da depressão. Por isso, segundo ela, ele teria surtado e entrado disparando contra os fiéis na catedral da cidade.

 

 
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