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Ambulantes ilegais tomam ruas e bloqueiam trânsito na região central de São Paulo

Camelôs colocam mercadorias nas ruas, deixando pouco espaço para pedestres

Patrícia Pasquini
São Paulo | Agora

Com a aproximação do Natal, o comércio ilegal de ambulantes tomou conta das ruas do Pari (região central de SP) pela manhã, não deixando espaço para carros e pedestres, que disputam cada centímetro da via.

Nesta segunda-feira (10), a reportagem esteve por seis horas no local. Não havia fiscalização da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão Bruno Covas (PSDB), nem a presença da Polícia Militar. A reportagem andou pelas ruas Tiers, Victor Hugo, João Teodoro e Hannemann. 

Às 6h30, já era praticamente impossível andar pela rua Tiers, o local com a pior situação. O asfalto se transformou em um mar de roupas, calçados e acessórios em carrinhos de supermercados ou em lojas e sacos de lixo. Havia ainda cabideiros e barracas com mercadorias.

Na Tiers, não se ouvia buzinas de carros ou motos, só o jargão “Olha o pesado!”, uma forma de sacoleiros e camelôs pedirem passagem. Geralmente, os ambulantes ficam nas ruas até o início da tarde, mas às 10h30 o trânsito começa ser liberado.

Nos cruzamentos da rua Tiers, motoristas que circulavam pelas demais vias da região tentavam a sorte de conseguir atravessar para o outro lado. Por volta das 9h, algumas lojas estavam vazias. Outras tinham poucos clientes, e os consumidores ainda se espremiam no meio da rua.

Nas outras ruas, havia apenas um espaço no meio dos camelôs para veículos passarem. O motorista de motorista de táxi Jefferson Rodrigues Felipe, 34 anos, demorou para atravessar a rua Vitor Hugo. “É muito difícil dirigir nesta região. Trabalho das 3h ao meio-dia, e quando passo por aqui fico 50 minutos preso em uma rua”, afirmou.

Por volta das 9h, algumas lojas estavam vazias. Outras tinham poucos clientes, e os consumidores ainda se espremiam no meio da rua.

Na rua Hannemann, camelôs ocupavam as calçadas, a ciclovia e parte do meio da rua. Funcionários do Hospital do Pari reclamaram do barulho, da sujeira e bagunça causados pelos ambulantes. Segundo eles, já foram feitas queixas à prefeitura e à PM.

A confusão no Pari acontece a cerca de 1 km do largo da Concórdia, no Brás (região central), onde a gestão Covas realiza desde a semana passada uma operação para impedir a ação de camelôs irregulares, com a mobilização de guardas-civis e PMs.

Preços baixos

A administradora de empresas Elizabeth Galvão, 52 anos, viajou de Presidente Olegário (MG) a São Paulo para conhecer o comércio popular do Pari. A volta para casa será acompanhada da filha e muitas sacolas. “Os preços dos ambulantes são bem mais baratos que nas lojas. A diferença é muito grande. Valeu a pena.”

No meio da rua Tiers estava o vendedor Henrique Vieira, 19. Com pelo menos cinco cabides em cada mão, ele oferecia bermudas e camisetas a R$ 25. Henrique trabalha para uma loja na mesma rua. Ele se mistura aos ambulantes para “puxar a venda”. “Se o cliente gostar da roupa eu levo até a loja”, explicou. Henrique chega por volta de 1h30 e trabalha na rua até 13h. “Tem semana que consigo vender de três a quatro mil reais”, disse.

Cerca de 100 metros de distância de Henrique o Agora encontrou Celso Ricardo, 40. Diariamente, de 1h30 às 16h, o ambulante estaciona um carrinho de supermercado no meio da rua Tiers, onde vende cinco shorts jeans por R$ 100. Antes, Celso trabalhava no Largo da Concórdia. “Muitos ambulantes migraram para cá depois que a prefeitura tirou a gente de lá”, contou o ambulante.

Fiscalização

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, da gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou por meio de nota que faz na região uma Operação Delegada em parceria com o governo do estado. Nela, segundo a prefeitura, PMs de folga atuam contra o comércio irregular.

A prefeitura afirma que há 91 PMs atuando no Pari, em dois turnos, sendo 45 nas ruas Vautier e Tiers e outros 46 nas ruas Monsenhor Andrade e São Caetano. De acordo com a prefeitura, se houver ocupação ilegal de ciclovias, os camelôs são orientados a retirar a mercadoria e, diante da recusa, os produtos são apreendidos.

A gestão Covas não comentou o fechamento por camelôs das ruas do Pari. Procurada, a PM não respondeu até a conclusão desta edição.

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