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Atirador planejava chacina em Campinas desde 2008, aponta polícia

A informação consta no diário apreendido pela Polícia Civil na casa do atirador

O atirador que matou cinco pessoas em Campinas, Euler Grandolpho, planejava o crime desde 2008
O atirador que matou cinco pessoas em Campinas, Euler Grandolpho, planejava o crime desde 2008 - Reprodução/Polícia Civil
Guilherme Mazieiro Alfredo Henrique
São Paulo | Agora

O atirador que matou cinco e feriu três pessoas na Catedral de Campinas (a 93 km de SP) no último dia 11, planejava desde 2008 o ataque. A informação consta em uma página do diário de Euler Fernando Grandolpho, 49, que foi divulgada nesta sexta-feira (21) pela Polícia Civil.

“A Chacina está programada desde fim de 2008 quando tinha [eu] mais consciência dos valores e me perguntava: ‘o que essas aberrações estão fazendo?’”, escreveu Grandolpho em 10 de setembro de 2016.

Em outro trecho do diário, o atirador pondera voltar ao mercado de trabalho. Ele pediu, em julho de 2014, para ser exonerado do Ministério Público, onde trabalhava desde 2009. Porém, no bilhete conclui que a necessidade de um “massacre é maior”. 

“Sei q [sic] posso voltar ao mercado de trabalho com um pouco de dedicação aos estudos. Porém, a necessidade da punição [massacre] é maior e mais importante do que a própria vida”, escreveu o atirador em 2 de novembro de 2016.

Euler esperou o fim da missa das 12h15 e começou a atirar, com uma pistola 9 milímetros, contra as pessoas que acompanhavam o culto. Ele disparou 22 vezes, usando o último tiro contra a cabeça, se suicidando no altar da catedral

Com o atirador foram encontrados dois carregadores de pistola, com 11 munições em cada um, além de um revólver calibre 38, com seis munições, na cintura. 

Segundo o delegado José Henrique Ventura, “tudo indica” que as armas do atirador foram compradas no Paraguai. “Ele viajou três vezes ao país, segundo investigações. 

O Exército também confirmou que as armas não são registradas no Brasil”, afirmou. O delegado acrescentou que o atirador não menciona motivações religiosas para a chacina. 

“Ele queria um local de repercussão, para as pessoas lembrarem dele e levantarem sua vida, para constatar que ‘ninguém dava bola para ele’”. 

Segundo a investigação, não há indícios de que outra pessoa tenha ajudado ou planejado o crime com Euler. A polícia suspeita que ele tinha transtornos mentais. De acordo com os relatos feitos pelo atirador, ele se sentia perseguido pelo “Estado”. 

Além das anotações, a polícia também apreendeu na casa do atirador dois gravadores, e divulgou imagens feitas em 2016 em que Euler posa com a pistola usada no crime. 

“Qualquer pessoa que tenha o mínimo de consciência, faria o que eu vou fazer. Não tenho dúvida disso, cara. É lamentável chegar nessa conclusão, mas é o que vai acontecer. Eu garanto que minha alma vai ficar em paz. Você pode ter certeza disso cara. Quando se lembrar de mim, cara, você vai lembrar do seu passado”, diz o atirador na gravação.

A Polícia Científica realizou uma perícia, por volta das 9h desta sexta-feira (21) na Catedral de Campinas, com um escâner 3D, de uma empresa dos Estados Unidos, que cedeu o equipamento em esquema de parceria. 

Segundo o delegado Ventura, o equipamento usa tecnologia laser para analisar imagens. “O equipamento vai ajudar a entender exatamente a dinâmica do que aconteceu dentro da igreja”, afirmou. 

Entenda como foi o ataque

Imagens de uma câmera interna da catedral mostram que o atirador estava sentado em um banco próximo aos fundos da igreja. Ele se levanta e atira em pelo menos três pessoas atrás dele. Duas delas permanecem caídas enquanto uma outra se levanta, cambaleante, e vai em direção à porta. Enquanto isso, um grupo de pessoas que estava do lado oposto da igreja também vai em direção à porta. O homem então passa a atirar em direção a elas.

Uma pessoa que estava no centro da catedral fica no chão. O homem então vai até o corredor, atira em direção à saída da igreja e caminha até ela. Ele recarrega a arma e, enquanto isso, uma mulher escondida entre os bancos se levanta e consegue escapar. O atirador caminha em direção ao altar e sai do campo de visão da câmera. As próximas imagens mostram dois policiais entrando na igreja.

De acordo com a PM, enquanto atirava, Euler Fernando Grandolpho foi atingido por um disparo efetuado por policiais e, ferido, se suicidou --o que, na avaliação da corporação, impediu que o homem continuasse atirando contra quem estava dentro da igreja. 

Agora, com UOL  

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