Congestionamentos crescem em SP após ruptura de viaduto na marginal

Alta é registrada no período da manhã e muda a rotina de motoristas na capital

Elaine Granconato
São Paulo | Agora

O pico de congestionamentos na capital pela manhã subiu até 38% após um viaduto da marginal Pinheiros ceder, na altura do parque Villa-Lobos (zona oeste), no dia 15 de novembro, causando interdições em parte da via. No período da tarde, houve crescimentos menores e até queda em alguns dias.

A maior alta foi registrada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) no dia 30 de novembro, uma sexta-feira. Naquele dia, a cidade teve 164 km de lentidão às 9h, quando a média máxima é de 119 km (veja quadro).

Nos primeiros dias da interdição, não houve um impacto tão grande no trânsito por causa do feriadão de 15 de novembro (República) e do Dia da Consciência Negra, no dia 20. No primeiro dia útil da volta dos feriados, os números já mostram os reflexos. Às 9h, os paulistanos enfrentaram 153 km de congestionamento, uma alta de 25% em relação à média (entre 92 km e 122 km).

É o que o motorista de empresa Nivaldo José Joaquim, 59 anos, comprova ao volante, diariamente, pelas principais marginais de São Paulo. “Nem me fale. Nesta época do ano já é ruim, agora o trânsito piorou de vez com a interdição da ponte”, disse o motorista na terça-feira passada, enquanto trocava a marcha da primeira para o ponto morto em trecho da avenida Bandeirantes, na zona sul, por volta das 9h30.

Nos primeiros dias, a CET interditou cerca de 10 km da marginal Pinheiros. Depois, foi liberando trechos aos poucos. Segundo a companhia, atualmente 2 km da via continuam bloqueados para o trânsito.

Já no período da tarde e noite, os congestionamentos têm oscilado abaixo e acima da média de pico, entre as 17h e as 20h. Na terça (4), por exemplo, às 19h, a cidade registrou 121 km de lentidão, 31% acima da média para o horário. Por outro lado, no dia 23 de novembro, uma sexta-feira, houve uma queda de 23% de uma média de 140 km para o registro de 1047 km.

A Prefeitura de São Paulo, da gestão Bruno Covas (PSDB), não disse se o aumento do trânsito na cidade é consequência da queda parcial do viaduto na marginal Pinheiros. Em nota, a gestão afirmou que tomou várias medidas para amenizar os congestionamentos.

Disse que reforçou o número de agentes de trânsito ao longo da marginal, além de ter instalado na cidade “faixas de vinil e painéis móveis de mensagens variáveis com orientação aos os motoristas sobre a interdição”. A prefeitura afirmou ainda que o rodízio de veículos foi liberado na marginal, no sentido Castello Branco.

Também tem sido um exercício de paciência aos motoristas trafegar pela avenida Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, no sentido marginal Pinheiros. A situação é mais difícil até chegar ao cruzamento com a rua Funchal.

“O que fazia em 20 minutos agora levo, por baixo, 50 minutos, até chegar à marginal Pinheiros”, diz o motorista de comércio de gesso Renato Sobreira da Silva, 30 anos. Para ele, o trânsito complicou em “100%” com a interdição parcial.

Mecânico em oficina automotiva na avenida Bandeirantes, Jefferson de Oliveira Gracioli, 32 anos, afirma que o congestionamento aumentou na região. “Desde que o viaduto caiu, o trânsito aqui trava o dia inteiro. Antes, era apenas pela manhãzinha e no fim da tarde”, diz.

O motorista de Uber Armando Martines Filho, 60 anos, que mora em São Caetano (ABC), tem evitado circular pela região desde o incidente com o viaduto, principalmente entre as avenidas Bandeirantes e Engenheiro Luis Carlos Berrini. “Está horrível o trânsito para aquele lado”, diz.

Sergio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes pela USP, afirma que o aumento dos congestionamentos na manhã são consequências da interdição do viaduto após a pista ceder.

Para o engenheiro, como a pista da marginal Pinheiros do sentido oposto não foi afetada, o impacto no pico da tarde e da noite foi um pouco menor. “Mesmo assim repercutiu em outras vias estruturais, que partem da zona sul da cidade com destino a outras regiões”, afirma. Para ele, o transporte público é uma alternativa para fugir do trânsito a região afetada é servida por metrô, trens e ônibus.

INTERDIÇÃO

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), vai interditar a partir de hoje a ponte do Limão (zona norte) no sentido bairro para manutenção. O serviço vai durar 21 dias, e ocorre em um momento de fim de ano, quando parte da marginal Pinheiros já está bloqueada.

No dia 20 de novembro, uma fenda com cerca de um metro de comprimento no asfalto causou o bloqueio de uma das faixas da ponte. Na ocasião, a prefeitura disse que se tratava de um dano na junção da via com a ponte e que não havia dano à estrutura. A manutenção foi concluída no dia seguinte.

Na quarta (5), a gestão Covas afirmou que a atual interdição para manutenção se deve ao problema do dia 20.

A ponte do Limão está entre os viadutos que constam em lista elaborada pela Prefeitura de São Paulo das estruturas que necessitam de obras emergenciais. Na semana passada, o TCM (Tribunal de Contas do Município) autorizou a gestão Covas a fazer uma contratação emergencial de uma empresa de engenharia especializada para vistoriar viadutos e pontes da capital paulista.

Durante o bloqueio na ponte do Limão, a pista no sentido centro terá duas mãos. Nela, há três faixas para veículos o sentido de cada uma será definido pela CET de acordo com o fluxo de veículos no momento. Além do sentido bairro da ponte, duas alças de acesso também serão bloqueadas para as obras de manutenção.

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