Heróis, PMs narram ação na catedral de Campinas: 'Não tínhamos certeza de nada'

Policiais conseguiram evitar que atirador fizesse mais vítimas; ataque matou 5 e feriu 3

Os PMs Elson de Souza Cruz e Lucas Felipe Amaral, os primeiros a chegar à catedral de Campinas durante o ataque de terça (11) - Eduardo Anizelli/ Folhapres
Thiago Amâncio
Campinas (SP)

Dois policiais militares que estavam na praça em frente à Catedral de Campinas conseguiram evitar que o ataque do atirador desta terça-feira (11) tivesse ainda mais vítimas. Eles foram os primeiros PMs a chegar ao local do crime.

O criminoso, Euler Fernando Grandolpho, 49, entrou na igreja, sentou-se entre os fiéis e passou a disparar contra os presentes logo após o final da missa. Cinco pessoas foram mortas e outras três ficaram feridas. O atirador, que se matou logo após o ataque diante do cerco dos policiais, portava uma pistola 9 mm e mais um revólver calibre 38 —as duas armas estavam com as suas numerações raspadas. 

O sargento Elson de Souza Cruz, 31, conhecido na corporação como De Souza, patrulhava o centro da cidade ao lado do soldado Lucas Felipe Amaral, 22, quando ouviram os primeiros estampidos.

"Vimos pessoas correndo para fora da igreja, desesperadas", diz o sargento De Souza, há oito anos na polícia. "Não tínhamos certeza se era tiro, atentado. Procuramos progredir para averiguar o que estava acontecendo. Não tínhamos certeza de nada."

Os PMs Elson de Souza Cruz e Lucas Felipe Amaral, que foram os primeiros a chegar à catedral de Campinas - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Ao passarem pela entrada principal da igreja, os policiais viram pessoas correndo, uma delas baleada

Primeiro, esconderam-se atrás de uma parede, enquanto o atirador disparava contra pessoas que corriam na direção deles. "Ali a gente ainda não tinha campo de atuação, por terem pessoas na nossa frente. Quando já não tinham mais fiéis na nossa frente, conseguimos atuar, progredindo no terreno", diz De Souza.

O sargento e o soldado continuaram em direção a uma coluna da catedral, onde conseguiam se proteger dos tiros. "Uma situação que a gente não pode deixar a emoção atrapalhar", resume o soldado Amaral, há três anos na corporação. "Tinha bastante gente em desespero, pedindo ajuda. E a gente teve que manter a calma. Continuar abrigado para não ser atingido."

"Passa todo um filme [na cabeça] na situação. E a gente começa a lembrar das técnicas que a polícia te passa para manter a calma essas horas e evitar o máximo possível o mal maior", conta o sargento De Souza. O mal maior, dizem, seria a morte de outras pessoas, já que o atirador ainda tinha 22 balas.

"Até conseguir alvejar o indivíduo que veio ao solo. Quando ele caiu, já fez um disparo na própria cabeça", diz De Souza. "Se a gente não conseguisse neutralizá-lo ali, ele podia sair e atingir muito mais pessoas no calçadão, que é muito movimentado. Mas deu tudo certo. Lamentamos pelas vítimas. Fizemos tudo o que estava possível no nosso alcance para evitar ao máximo o mal maior."

Logo depois, chegou a Guarda Municipal de Campinas. Com a situação controlada, ligaram para tranquilizar a família. Os dois não frequentavam aquela catedral e se dizem católicos não praticantes.

Eles contam que nunca haviam passado por uma situação similar nem se envolvido em tiroteios com tantas vítimas. Agora, vão passar alguns dias fora das ruas, como é praxe nesses casos.

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