Descrição de chapéu Obituário Antônio Garcia Mir (1950 - 2018)

Mortes: Artista plástico hispano-brasileiro, encontrava inspiração no sol

Alternava verões, passando seis meses no Brasil e seis meses na Europa

Thaiza Pauluze
São Paulo

A família Mir migrou da Espanha para o Brasil quando Antônio tinha só oito anos. Ele trocou Lorca por Joinville (SC) e foi o desenho, que já dava amostra do seu talento, que ajudou o garoto na socialização no novo país.

O artista plástico hispano-brasileiro Antônio Mir
O artista plástico hispano-brasileiro Antônio Mir - Arquivo Pessoal

Radicou-se brasileiro e se tornou um dos principais nomes da arte catarinense. Fez parte da criação da Coletivo de Artistas de Joinville e, aos 23 anos, foi convidado para participar da Bienal de São Paulo. 

Antônior Mir retornou à Espanha na década de 1990, montando estúdios em Galícia, Barcelona e Puerto de Mazarrón. No mediterrâneo, encontrou luz. Observava a natureza, as cores primitivas, a proximidade com o simples.

Mas foi o período em que fez o Caminho de Santiago de Compostela que lhe abriu para a espiritualidade —não da religião, como a família católica, mas de um encontro.

Contrariando o estereótipo, Antônio não era introspectivo, nem tinha espaço para lamúria ou dor. Extrovertido, "era um vulcão, um terremoto", conta a irmã, Nane. "Olha quem chegou de repente", dizia Antônio, anunciando sua chegada. Um artista "loco si, pero no tonto!", fazia questão de lembrar. 

Na sua mesa, não podia faltar camarão, peixe, vinho e cerveja. Também não faltavam livros —ele fazia questão de se manter informado e lia de política à poesia. No andar de cima de sua casa, ostentava uma enorme estante recheada de títulos.

Seu repertório ia do rock de The Rolling Stones e Janis Joplin até música espanhola e techno. Por um longo período, alternou verões, passando seis meses no Brasil e seis meses na Europa, onde tivesse sol —e, com o astro, inspiração. 

Há dez anos, no entanto, precisou largar as telas e os pincéis após ter os movimentos dificultados por romper o intestino. Ficou 58 dias na UTI e, depois, numa cadeira de rodas.

O artista morreu no dia 22 de dezembro, aos 68 anos, em Itajaí (SC), vítima de uma parada cardíaca. Deixou três irmãos, dois netos e dois filhos, Thamara e Therence —também artista plástico.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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