Waldir sempre fora mais alto que os outros meninos da sua idade. Por isso (e pelo time de futebol para o qual torcia), ganhou o apelido de “Palmeiras”.
Quando a família se mudou de São Manuel para São José dos Campos, no interior paulista, para que o pai se tratasse da tuberculose, a altura veio a calhar com o esporte mais popular por ali.
Ele nunca tinha ouvido falar de basquete. No começo, parecia não ter dom para a coisa. Às vezes, amargava derrotas de 21 a 0. A determinação, porém, foi maior.
Treinando todos os dias e ganhando porte, ele logo despertou a atenção de Albert Marson, bronze com a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres de 1948, que era técnico em São José.
Em 1959, Boccardo se tornou campeão mundial com a seleção no Chile. Um ano depois, ganhou sua própria medalha de bronze na Olimpíada de Roma.
Na mesma época, deixou o São José para fazer história como ala-pivô do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Aposentado, Boccardo virou treinador. Foi um dos primeiros a estudar nos EUA, e revolucionou a forma de se jogar no Brasil, dando foco à defesa.
Ao lado do amigo Ary Vidal, foi bronze no Mundial nas Filipinas em 1978 e campeão nacional com o Corinthians de Santa Cruz do Sul (RS), em 1994.
Em 2004, a Confederação Brasileira de Basquete publicou “Os 10 mandamentos do basquete moderno”, um guia com ideias do treinador. “Ele sempre fez as coisas com muita intensidade, muita paixão, principalmente no basquete”, recorda-se o filho, Vitor, que seguiu os passos do pai no esporte. “Foi um pai muito bom.”
No dia 18 de novembro, depois de quase dois meses internado, Boccardo morreu em consequência de uma infecção, aos 82 anos. Deixou dois filhos, Vitor e Milla, a neta Malu e três irmãs.
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