As principais influências de Isolda Bourdot vieram do sobrenome francês. Seu avô e o bisavô eram músicos vindos da França para o Brasil —país onde fizeram sucesso com teatros musicais nos anos 1920.
Nascida e criada na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo, a menina já na adolescência participava de festivais de música com o irmão, Milton Carlos, que interpretava as canções de autoria da dupla. O negócio dela era mesmo compor.
Isolda até chegou a estudar direito uns semestres, mas não concluiu, e deu vez à carreira que a nomearia compositora do Rei, por ser a autora de “Outra Vez”, um dos maiores sucessos de Roberto Carlos.
O primeiro grande sucesso de Isolda e Milton Carlos, no entanto, foi quando Roberto ouviu a música “Amigos, Amigos” e resolveu gravá-la, em 1973. A partir daí foram várias composições na voz do ídolo nacional: “Jogo de Damas”, “Elas por Elas”, “Um Jeito Estúpido de te Amar” e “Pelo Avesso”. Além de outras tantas na de intérpretes como Wando, Simone, Ângela Maria, Alcione e Agnaldo Rayol.
No fim dos anos 1970, a dupla teve fim com o acidente automobilístico que matou Milton, aos 22 anos. Sozinha, Isolda continuou escrevendo e chegou a ter 300 músicas gravadas —entre elas, trilhas sonoras em teatro e cinema, propagandas publicitárias e temas de várias novelas. Também montou um selo e a editora Toca Disc, gravou seu próprio CD e escreveu o livro “Você também faz músicas?”.
Estava terminando mais um livro, desta vez contando sua própria história. Seu sonho era vê-lo publicado. Assim como ir com a filha para Nohant, cidadezinha do interior da França, a qual Isolda tinha especial ligação —talvez por amar a obra do casal George Sand, escritora nascida lá, e Chopin, o pianista que viveu anos na comuna.
Os planos foram interrompidos por uma súbita parada cardíaca em 16 de dezembro. Isolda tinha 61 anos e deixou três filhos e quatro netos.
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