Na véspera de um dia de viagem na bicicleta, Roberto Zaghini Jorge tinha um ritual. No grupo do Whatsapp com os três filhos —Alexandre, Rafael e Raquel— mandava fotos contando dos planos. Fazia o mesmo quando estava na estrada.
Foi assim desde que ele começou a pedalar por aí. Há quatro anos, diagnosticado com um problema de circulação nas pernas, ouviu do médico que deveria começar a fazer exercício físico. Como sempre gostou de bicicletas, resolveu levar a sério as pedaladas.
Desde então, os finais de semana começaram a ser de viagens e passeios com os grupos de pedal e os amigos que fez dentro do ciclismo. Roberto encontrou sua tribo.
Paulistano, Zaghini cresceu e morou a vida toda no bairro do Socorro, na zona sul da capital. Jornalista de profissão, trabalhou na Rádio Globo e na TV Cultura. Há quatro anos, às vésperas de se aposentar, passou em um concurso para os Correios e se tornou atendente comercial e delegado sindical.
“Meu pai sempre foi bastante amoroso, não importava a distância que a gente ficava. Ele passava coisas boas pra gente, sempre tinha ideias legais”, conta Alexandre, o filho mais velho.
No dia 2 de dezembro, Roberto partiu com a bicicleta para mais uma viagem. Junto com outros cerca de 40 mil ciclistas, ele descia a rodovia Anchieta, rumo a Santos, quando sofreu um acidente. Na altura de cubatão foi derrubado da bicicleta, teve traumatismo craniano e quebrou o esterno. Ele morreu uma semana depois, aos 60 anos.
Roberto deixou os três filhos, um neto, uma irmã e o pai, Américo. Na despedida, ciclistas da zona sul se juntaram em um cortejo a Zaghini. Nas redes sociais, repetiam as palavras dele sobre o pedal: união e solidariedade.
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