Descrição de chapéu Obituário Paulo Henrique do Nascimento (1973 - 2018)

Mortes: Lutou para resgatar os trens de passageiros no país

Articulou parcerias para fazer circular trem turístico entre Minas e Rio

Fernanda Canofre
São Paulo

No dia 8 de dezembro de 2004, quatro homens se acorrentaram diante do Palácio do Planalto, em Brasília. O objetivo era chamar a atenção do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que suspendesse a liquidação do patrimônio remanescente da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), já privatizada.

O protesto funcionou. Em 24 horas, foram recebidos por integrantes do governo e avisados de que a medida provisória estava suspensa. Entre os manifestantes estava Paulo Henrique do Nascimento, um apaixonado por trens. 

Quando criança, o mineiro de Juiz de Fora (a 225 km de Belo Horizonte) fugia da escola para embarcar no trem conhecido como Xangai. A linha seguia da cidade até Matias Barbosa, um trajeto de cerca de 30 km. Quando a viu ser extinta, em 1996, Paulo decidiu fazer da preservação do transporte ferroviário para passageiros sua causa.

Em 2001, ele criou a ONG Amigos do Trem, reunindo ferroviários aposentados e da ativa e simpatizantes. Quatorze anos depois, começou o projeto de um trem turístico para ligar Minas Gerais ao Rio de Janeiro. A ideia surgiu quando a linha de uma empresa que transportava bauxita na região foi desativada. 

Paulo e seu grupo partiram em busca de recursos. Com apoio de empresas e prefeituras locais, conseguiram financiar a compra e reforma de 15 vagões e duas locomotivas. Antes de morrer, no dia 22 de novembro, vítima de um câncer de pulmão, conseguiu ver as viagens teste.

“A grande lição que ele nos deixa é que vale a pena correr atrás de um sonho. Para o Paulo nada era impossível. Foi uma pessoa de grande empatia, humildade e respeito por todos”, conta a sobrinha Cyntia Nascimento.  Ele deixa cinco irmãos e sete sobrinhos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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