Descrição de chapéu Obituário Vera Lúcia da Silva Evangelista (1961 - 2018)

Mortes: Pastora e cantora gospel, rodou país em idas e vindas

Foi passando por cidadezinhas do interior sul-mato-grossense que Vera Lúcia começou a pregar

Thaiza Pauluze
São Paulo

Era em cima do púlpito, à frente dos fiéis, que Vera Lúcia Evangelista se realizava. Mas a menina nascida em Jacarezinho, no interior do Paraná, filha de mãe comerciante e pai construtor, não imaginava que se tornaria anos mais tarde pastora e cantora gospel.

A pastora e cantora gospel Vera Lúcia Evangelista
A pastora e cantora gospel Vera Lúcia Evangelista - Arquivo Pessoal

Antes disso, no entanto, foram muitas idas e vindas. Os pais se separaram quando ela era nova. Com o progenitor agressivo passou maus bocados em São Paulo. Só aos 16 voltou a morar com a mãe, em Campo Grande (MS). Casou cedo e teve dois filhos. O marido, porém, a abandonou. De novo na capital paulista e sozinha com os filhos, trabalhou numa indústria de tecidos. 

Foi passando por cidadezinhas do interior sul-mato-grossense que começou a pregar como pastora. Vera Lúcia era parte da igreja Palavra de Cristo para o Brasil. E, num encontro evangélico, conheceu outro pastor com quem casaria em três meses: Claudionor, a voz do Ministério Jesus é a Vida. 

Os dois rodaram várias cidades espalhando a sua fé. Vera Lúcia gravou três CDs com músicas próprias. O casal só parou quando ela teve um AVC e perdeu o movimento do corpo, em 2005.

Era o segundo baque da pastora, que já havia perdido um bebê, nascido morto após uma gravidez de risco. "Com três meses dela em cima de uma cama, pedi para que Deus ou curasse ou matasse nós dois", conta Claudionor. Naquele dia ela começou a melhorar, ele diz, e não teve sequelas graves.

No domingo de 2 de dezembro, Vera Lúcia estava feliz. Tinha comprado uma nova Bíblia, que leria à noite no culto. Durante a pregação, deu palavras a um jovem, novo por ali: "Deus tem uma grande obra na sua vida. Deus é bom, Deus é bom, Deus é bom". A repetição foi seguida da queda do microfone e de Vera Lúcia. 

No laudo consta morte por infarto fulminante e parada cardíaca. Mas o marido acha que, aos 58 anos, "era o tempo dela". Vera Lúcia costumava dizer: "Quando Deus me tirar dessa Terra, quero partir cantando ou pregando em cima do altar". Ela deixou uma irmã, o marido e três filhos.


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