Descrição de chapéu Obituário Leonor Lage (1947 - 2018)

Mortes: Pintora, retratou as paisagens e histórias de MS

Leonor ainda foi uma das pioneiras em trabalhar arte com pessoas com deficiências

Fernanda Canofre
São Paulo

Um grupo de indígenas, com pinturas e vestimentas tradicionais brancas, agarra-se às crinas dos cavalos, que montam meio de lado. Eles correm com lanças em punho, rumo à batalha. A imagem foi criada em 1822 pelo francês Jean-Baptiste Debret. 

No dia 3 de agosto de 1993, porém, ela reapareceu ampliada na releitura dos pincéis de Leonor Lage, na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul. O painel, batizado de “Batalha Guaicurus”, era uma forma de homenagear o grupo indígena que lutou do lado brasileiro na Guerra do Paraguai (1864-1870). 

A obra virou um marco na carreira de Leonor, nascida em Ribas do Rio Pardo, em MS, que teve as paisagens e pessoas do estado como seu principal tema. O primeiro quadro, uma natureza-morta com o violino que era de sua mãe, ela pintou aos 13 anos. Mesmo tendo cursado direito, a vocação de artista plástica falou mais alto, e foi esse o ofício de sua vida. 

No ateliê, que ela fez em frente à casa da família em Campo Grande, Leonor foi pintora, professora, restauradora e tocou durante 30 anos um projeto de ensino de arte para pessoas diagnosticadas com algum tipo de deficiência. Um dos primeiros no Brasil. 

Foi ali também que ela ensinou os quatro filhos que teve com o engenheiro civil Cleomenes Bais Lage, com quem foi casada por 47 anos, a apreciar arte. “[Foi uma] mãe protetora, esposa companheira, amiga solícita, generosidade e era amor em pessoa”, diz o filho André sobre ela. 

No dia 30 de novembro, depois de dois meses de tratamento por um câncer no pâncreas, Leonor morreu, aos 71 anos. Ela deixou quatro filhos, o marido, netos e planos de trabalho que ainda pretendia realizar. Entre eles, a restauração do quadro dos ​guaicurus.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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