Descrição de chapéu Obituário Laerte Marques Póvoa Júnior (1966 - 2018)

Mortes: Radialista por 30 anos, dormia ouvindo rádio quando criança

Trabalhou 30 anos na Rádio Difusora de Goiânia; atualmente, era locutor na Rádio Terra FM

Thaiza Pauluze
São Paulo

O jovem Laerte Júnior só dormia ouvindo rádio. Os pais, representantes comerciais, não sabiam de onde vinha a paixão do menino pelo que ouvia no aparelho.

O jornalista e radialista Laerte Júnior
O jornalista e radialista Laerte Júnior - Arquivo Pessoal

Antes mesmo de completar o ensino médio, Laerte entrou para o curso de radialismo na Universidade Federal de Goiás. Formado, quis logo montar uma rádio pirata, a Alvorada do Norte. Fez o maior sucesso na única frequência da cidade, até ser denunciado e a polícia confiscar o transmissor, comprado a duras penas.

Durante 30 anos, Laerte bateu ponto na Rádio Difusora e, mais recentemente, atuava na Rádio Terra FM. Passou também pelas rádios Anhanguera, Mix FM, além do Jornal Argumento e das TVs Goyá e Serra Dourada.

Mas seu negócio era mesmo o rádio. Os programas de Laerte iam da notícia ao entretenimento e às crônicas. O radialista não tinha papas na língua quando o assunto era política e corrupção. Xingava, questionava, não tinha medo de dar opinião. 

A má qualidade do transporte público em Goiânia era outro tópico que tirava o jornalista do sério. "Mas até os manda-chuvas que ele criticava respeitavam ele", conta a mulher, Carla.

Ateu trabalhando numa emissora cristã, Laerte não se furtava de escrever crônicas sobre Deus e religião. Também era figurinha carimbada na época das eleições em que atuava também em campanhas políticas. Seu único vício, diz a mulher, era o trabalho, que ele não recusava.

Em casa, no entanto, o expressivo radialista dava vez a um homem fechado, de poucas palavras, até carrancudo. Bem, pelo menos até pintar algum debate polêmico. Laerte já havia escrito 35 páginas da sua autobiografia —agora, a família pretende publicar a história até onde ela chegou.

Um infarto impediu Laerte de terminar o texto. Ele morreu em 10 de dezembro, aos 52 anos. Deixou a esposa, Carla Cristina Leão Vasques, dois filhos e dois enteados.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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